São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2010

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A veloz NY se adapta aos idosos

Por ANEMONA HARTOCOLLIS

A Prefeitura de Nova York aumentou o tempo de travessia em mais de 400 cruzamentos da cidade, de forma a deixar as ruas mais seguras para as pessoas mais velhas, e há sete meses ônibus escolares levam idosos às compras.
As pessoas vivem em Nova York por ser um lugar como nenhum outro -cheio de vida, energia e opções-, mas os urbanistas reconhecem que ela poderia ser uma cidade mais agradável para se envelhecer.
As iniciativas, num momento em que a geração dos "baby boomers" começa a chegar à idade da aposentadoria, nascem de boas intenções e também de uma estratégia econômica.
"Nova York se tornou uma cidade mais segura, e temos tamanha riqueza de parques e cultura que estamos nos tornando um destino de aposentadoria para idosos", disse Linda Gibbs, vice-prefeita para assuntos de saúde e serviços humanos. "Eles vêm não só com suas cabeças e corpos; vêm também com suas carteiras."
Em todos os EUA, casais dos subúrbios voltam para as cidades ao verem o ninho vazio, juntando-se àqueles que simplesmente envelheceram onde foram jovens.
É claro que Nova York não é o único lugar que está tentando facilitar essa transição. Cidades como Cleveland e Portland (Oregon) já tomaram medidas para serem mais "amigas do idoso". Mas talvez nenhuma cidade tão acelerada e voltada para os jovens como Nova York tenha encarado o desafio.
O Departamento de Planejamento Urbano prevê que em 20 anos Nova York terá parcelas mais ou menos iguais de escolares e idosos, 15% de cada grupo -o que representa uma acentuada mudança em relação a 1950, quando havia na cidade mais de dois escolares para cada habitante idoso.
Até 2030, o número de nova-iorquinos com 65 anos ou mais -consequência dos "baby boomers", da redução da fertilidade e da maior longevidade- deve chegar a 1,35 milhão, 44% a mais do que em 2000.
Sob certos aspectos, a cidade já resolveu os desafios mais difíceis a fim de se tornar atraente para os seus moradores mais velhos, e também para os de outras partes dos EUA que possam cogitar a ideia de curtir a aposentadoria no Upper East Side ou em Brooklyn Heights.
A criminalidade tem caído há quase duas décadas; a cidade ganhou mais áreas de parques do que em qualquer outro período similar da sua história; e o sistema 311 facilitou o contato com órgãos públicos e serviços sociais.
Agora, a cidade quer melhorar a vida de maneiras mais modestas, porém mais significativas. A Academia de Medicina de Nova York adotou em 2007 a ideia da Organização Mundial da Saúde de criar uma cidade amiga do idoso e, para isso, buscou apoio da Câmara e da prefeitura. A academia tem feito reuniões e pesquisas com milhares de idosos na cidade.
O que as pessoas mais dizem querer é viver num lugar com vizinhança amigável, onde seja seguro atravessar a rua e onde a farmácia da esquina lhes ofereça um copo d'água e lhes deixe usar o banheiro.
Elas desejam melhor drenagem nas ruas, porque é difícil saltar poças quando se usa andador ou cadeira de rodas.
"Toda a conversa em torno do envelhecimento passou, na minha cabeça, de uma coisa voltada para doenças, voltada para o trágico fim da vida, para algo que tem muito mais a ver com a força, a fidelidade e a energia com as quais uma população mais velha contribui para a nossa cidade", disse Gibbs.
O gabinete dela está promovendo projetos-piloto nos bairros de East Harlem e Upper West Side para estimular as empresas a adotar voluntariamente confortos para os idosos.
Exemplos podem incluir adesivos nas vitrines para identificar empresas amigas do idoso; bancos adicionais; iluminação adequada; cardápios com letras maiores; e até descontos em bebidas para a terceira idade.
"Centros para idosos são ótimos, mas eles têm um estigma, goste você ou não", disse a vereadora Gale Brewer, do Upper West Side. "Eles não são para todo o mundo. Mas o que é para todo o mundo é um banco. O que é para todo o mundo é um desconto na mercearia quando você tem mais de 65 anos."


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