São Paulo, segunda-feira, 05 de outubro de 2009

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Chá de luxo amplia seu mercado

Por SONIA KOLESNIKOV-JESSOP

CINGAPURA - A crise econômica global pode ter reduzido o apetite por produtos de alto custo, mas um pequeno luxo diário -um bom chá- tem apresentado vendas surpreendentemente fortes, levando algumas marcas a pensar em se expandir pelo mundo.
Com nomes como Silver Moon, Emperor's White Garden, Goût Russe Douchka e Sakura, os chás refletem um amplo leque de sabores exóticos, atraindo seguidores quase religiosos. Enquanto os mais raros, como os chás amarelos, podem custar mais de US$ 2 mil o quilo, os chamados chás gourmet custam em média 30% a mais que os comuns, o que faz deles um luxo acessível.
"Não há crise quando se trata de chás gourmet: nossas vendas aumentaram 15% a 25% por ano desde que começamos, em 1987", disse François-Xavier Delmas, fundador e executivo-chefe do Le Palais des Thés, em Paris.
Ele disse que a empresa, de capital privado, teve um crescimento anual da receita de 19% em 2007 e 2008, com vendas de 9,66 milhões de euros (R$ 25,1 milhões).
A experiência do Le Palais des Thés foi semelhante à de outras marcas de chás de luxo, assim como de comerciantes de especialidades. "A demanda por produtos de qualidade continua forte", disse Mark Daley, executivo-chefe da Dean & DeLuca, rede de mercearias gourmet baseada nos EUA. "As pessoas estão passando mais tempo juntas, mais tempo com os amigos e mais tempo se divertindo em casa."
A Mariage Frères, comerciante francesa de chás exclusivos, vai abrir uma butique em Hamburgo em novembro e outra em Munique em dezembro. Ela pretende se expandir para Londres em 2010 e depois para Nova York e China.
Seu diretor, Philippe Cohen-Tanugi, disse que a empresa, que divulgou receitas de 50 milhões de euros (R$ 130 milhões) em 2008, poderia crescer mais depressa se desenvolvesse uma rede de franquias, algo que não quis fazer. "Tantas pessoas nos procuraram para isso que poderíamos ter aberto uma loja por mês e nos tornado a Starbucks do chá", disse.
A Dammann Frères, outra companhia de chás gourmet francesa, que vende cerca de 800 toneladas por ano, costumava oferecer seus produtos somente por intermédio de delicatessen e hotéis de luxo. Mas, no ano passado, aderiu ao varejo, abrindo sua primeira butique de chás em Paris. Desde então, inaugurou três butiques no Japão e estuda abrir uma segunda na capital francesa e uma em Londres, disse Pierre Merlanchon, diretor de marketing da Dammann Frères.
Um dos atores mais agressivos é recém-chegado ao mercado. A TWG, de Cingapura, conseguiu em dois anos expandir suas vendas anuais de zero para 590 toneladas, ao garantir espaço nas prateleiras da Dean & DeLuca e ser servida na primeira classe dos voos da Singapore Airlines.
Milton Pedraza, executivo-chefe do Luxury Institute, empresa de pesquisas de mercado, disse que muitos fornecedores de chás viam o produto como uma matéria-prima para o mercado de massas e o vendiam dessa forma, deixando espaço para novatos na faixa superior do mercado.
"Com o crescimento da popularidade do chá, existe uma oportunidade de se diferenciar no nível mais alto, mesmo neste momento econômico desafiador", disse Pedraza. "Há interesse do consumidor pela extremidade premium de quase qualquer categoria, e acredito que um segmento maior de conhecedores de chá pode ser desenvolvido globalmente. Mas vai ser necessário um grande volume de educação para ajudar os consumidores a distinguir os chás e aceitar pagar um preço maior. Será um trabalho demorado."

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