São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2010

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Museus da máfia duelam em Las Vegas

Por JENNIFER STEINHAUER

LAS VEGAS - Instituições concorrentes narrando a história do crime organizado serão abertas nos próximos meses em Las Vegas, e é quase certo que alguém -ou pelo menos os sentimentos de alguém- vai levar a pior.
"Não estou nem um pouco preocupado com eles [o museu concorrente]", disse o prefeito Oscar Goodman, que há anos defende a criação do Museu do Crime Organizado e do Cumprimento da Lei de Las Vegas.
Esse projeto municipal deve ser inaugurado em março de 2011 no antigo tribunal federal do centro da cidade, onde em 1950 o senador Estes Kefauver realizou audiências públicas sobre a máfia.
"Eles não são concorrência, porque nós somos os verdadeiros", disse Goodman, ex- advogado de notórias figuras da máfia. "Esqueça."
Mas o rival, que envolve a filha do famoso chefão de Chicago Sam Giancana, promete levar uma coleção de objetos relativos à máfia para o cassino Tropicana, na região hoteleira de Las Vegas.
"Nossa experiência será muito diferente da deles", disse Carolyn Farkas, porta- voz do museu, o Las Vegas Mob Experience ("experiência mafiosa de Las Vegas"). "O deles é mais um relato legal; para nós, é mais uma visão pessoal."
Em meados do século passado, o crime organizado dominava a parte turística da cidade, a chamada Las Vegas Strip, abrindo e gerindo vários cassinos. Procuradores federais acabaram com isso na década de 1980.
A cidade, então, determinou que sua relação histórica com o crime organizado -e o papel do tribunal nisso- faziam desse o local perfeito para a instalação do museu. "Isso saiu do chão deste prédio", disse Nancy Deaner, diretora de assuntos culturais da cidade.
O museu do crime terá três andares e quase 1.600 m2 de exposições, inclusive um tribunal interativo onde o visitante pode ter suas impressões digitais recolhidas. Inclui também o muro do Massacre do Dia de São Valentim (ele foi removido tijolo por tijolo e será reconstruído, inclusive com as marcas de balas, disse Deaner), quase 700 objetos e exaustivas exposições sobre o combate à máfia.
Enquanto isso, a Eagle Group Holdings -em parceria com Antoinette McConnell, 74, filha de Giancana- se prepara para abrir o Mob Experience no fim deste ano.
Essa atração incluirá exposições no estilo dos parques temáticos, como a que se chama "Destino Final", na qual o visitante é "incluído [na quadrilha] ou surrado", segundo a descrição.
McConnell, que se divide entre Las Vegas e Chicago, disse por telefone que promover uma exposição dessas há anos era "um sonho" dela, e que o projeto vai oferecer "a maior coisa que você já experimentou".
Viúva de um advogado que defendeu figuras do crime organizado, McConnell disse que "a máfia é algo do que as pessoas nunca têm [informação] o suficiente". "Para algumas pessoas, é um vício."


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