São Paulo, segunda-feira, 09 de maio de 2011

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MOBY

Castelo para o rei do techno dos EUA

Por JOYCE WADLER

LOS ANGELES - Não muito tempo atrás, o músico e compositor Moby, que já foi qualificado pela "Billboard" como "o rei do techno", era o cara mais descolado de Nova York: mantinha uma casa de chá/café vegetariano no Lower East Side, onde, às vezes, parava para atender as mesas; fazia grandes shows no Bowery Ballroom; e não parava de falar em leite de soja (bom, isso ele ainda faz).
Mas, embora ainda mantenha um apartamentinho no Little Italy, ele se mudou para Los Angeles, onde vive num castelo com pouco mais de 2 hectares, cercado por muros de pedra, com um portal digno da Disney e uma piscina em formato de feijão.
Até que, para um sujeito da música alternativa, Moby, 45, vem se saindo bem. Já vendeu 5 milhões de álbuns e 2 milhões de faixas digitais, segundo a Nielsen SoundScan (sua música é muito usada em trilhas sonoras e comerciais), e, em maio, lança um novo trabalho, "Destroyed".
Composto durante turnês, o novo álbum é de "música eletrônica defeituosa para cidades vazias às 2h da manhã", segundo ele, e, de fato, as faixas têm um eco solitário, futurista.
Moby decidiu se mudar para Los Angeles por várias razões: porque Nova York é tão cara que seus amigos mais interessantes e criativos tiveram de ir embora; por causa dos invernos; e por causa da coisa mais difícil da qual se desprender, o inverno da alma. O artista tem um passado mais dissoluto do que sua persona pública sugere.
"Parei de beber há alguns anos e devo dizer que o frio e a maldade de Nova York em fevereiro eram muito mais fáceis de encarar quando eu estava de porre", diz ele.
Descendente de Herman Melville, Moby, cujo nome verdadeiro é Richard Melville-Hall, nasceu no Harlem, quando seu pai era pós-graduando na Universidade Columbia.
Moby e a mãe se mudaram para a casa da próspera família dela, em Connecticut, quando o pai dele, de quem a mãe estava se divorciando, morreu dirigindo bêbado. A mãe, que morreu de câncer de pulmão há 13 anos, foi secretária e hippie convicta. Em 1969, ela o levou para morar em San Francisco.
Poucos anos depois, Moby e sua mãe voltaram a Connecticut, às vezes vivendo na casa colonial "perfeitamente suburbana" dos pais dela, ou, às vezes, por conta própria, em lugares mais bagunçados e sombrios.
"Nós éramos o lixo branco miserável naquela que talvez seja a cidade branca mais rica do país", diz Moby. "Eu vivi com cupons alimentares até que fiz 18 anos e me tornei adulto."
Ele se interessou por música no colégio, quando começou a frequentar clubes em Nova York. Aos 19, após formar uma banda e trabalhar como DJ, foi morar sozinho, numa fábrica abandonada.
Em 1986, mudou-se para o Lower Manhattan, onde viveu numa série de pitorescos muquifos.
Quando o dinheiro começou a entrar, ele passou a comprar propriedades extravagantes. Em 2005, adquiriu por US$ 4,5 milhões quatro andares de um prédio do Upper West Side, mas se sentiu "muito solitário" e vendeu o apartamento. "Por bons 15 anos em Nova York, eu era meio que tragicamente notório por ser a última pessoa a sair do bar".
No ano passado, procurando casas nas colinas de Hollywood, ele viu "este louco castelo reluzente" e se apaixonou. O preço havia caído 50%, mas precisava de reforma. Moby mandou trocar o telhado, a cozinha, o encanamento, a parte elétrica e as janelas e adicionou três banheiros.
É estranho que alguém que encontra a beleza em lugares sóbrios viva no que pareça ser o contrário, um castelo de conto de fadas. "É também o contrário das casas onde eu morei quando garoto, que eram minúsculas e escuras", diz ele. "Basicamente, um freudiano em seus três primeiros dias de aula seria capaz de entender o impulso psicológico, que é criar ou me mudar para a ideia com a qual sonhei quando eu era um menino pobre."

"Eu era meio que tragicamente notório por sempre ser a última pessoa a ir embora do bar"


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