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ARTE & ESTILO
Vocalista dos Strokes ruma em direção ao sol
Por MELENA RYZIK
Julian Casablancas, salvador do rock'n'roll debochado de Nova York, agora está
sóbrio e vive em Los Angeles. O líder da banda Strokes, que há pouco tempo era
visto tropeçando de volta para casa saindo de bares de Manhattan, agora está
alugando a uma casa em estilo espanhol.
"É divertido", ele disse em uma recente visita a Nova York. "Los Angeles é muito
descontraída. Se você estiver no lugar certo, pode caminhar e não precisa de
carro. E é muito mais fácil fazer uma alimentação saudável. E o clima!"
A medida é temporária -provavelmente-, mas emblemática das mudanças em sua vida
nos últimos anos: de astro do rock que levava uma vida selvagem a um artista
estável e homem de família, enquanto ele e sua mulher, Juliet, esperam o
primeiro filho. Neste mês, seu primeiro disco solo, "Phrazes for the Young",
será lançado pela Cult Records/RCA. Cult é seu próprio selo autofinanciado e
recém-lançado. Ele escreveu e arranjou todas as músicas e tocou a maior parte
delas. Em Los Angeles, está montando uma banda e preparando uma turnê.
"Com esse disco, o objetivo é tentar pegar uma música bacana do tipo underground
e tentar torná-la popular de alguma maneira", disse Casablancas, 31. Longe do
estranhamento dos discos dos Strokes, "Phrazes" parece bem ajustado. "Sou um
cara feliz", disse. Mas acrescentou: "Nunca quis fazer um disco solo, para ser
franco. Só senti que não tinha opção".
Quando os Strokes lançaram seu álbum de estreia, "Is This It", em 2001, foram
saudados como um ponto de reunião urbano -hinos do homem comum do cenário
independente. Esse peso cultural foi uma carga e tanto para cinco rapazes
melancólicos que estudavam em escola particular em Nova York. Cerca da metade de
seu público-alvo os criticou fortemente por falta de autenticidade.
O grupo reagiu de maneira blasée: com noites de embriaguez, brigas com
celebridades, comportando-se como os astros do rock-bebês que eram. Questionado
sobre esses primeiros tempos, o empresário dos Strokes, Ryan Gentles, disse que
o sucesso "aconteceu depressa".
"Is This It" foi disco de platina, mas os seguintes -"Room on Fire" (2003) e
"First Impressions of Earth" (2006)- foram recebidos com desdém, e cada um deles
vendeu a metade do anterior. E o grupo disputava o controle criativo; estava
tudo com Casablancas. Apesar de ele ser casado e ter deixado de beber em "First
Impressions", a exaustão era evidente. "Não tenho nada a dizer", ele cantava em
"Ask Me Anything". "Não tenho nada para dar."
Enquanto ele se debatia, seus colegas de banda trabalhavam em projetos solo e
formavam grupos paralelos; vários também se casaram ou começaram famílias.
Após uma turnê no Japão com "First Impressions", os Strokes anunciaram uma
ruptura, e Casablancas se retraiu. "Fiquei meio quebrado durante mais ou menos
seis meses", disse. "Hoje, pela primeira vez, não me sinto enforcado."
Apesar de uma criação privilegiada -seu pai, John Casablancas, fundou a agência
de modelos Elite; sua mãe, Jeanette Christiansen, foi modelo; e ele também foi
muito influenciado por seu padrasto, o artista Sam Adoquei-, Casablancas era
discreto. Mas também workaholic e perfeccionista.
Casablancas espera que esse controle solo lhe permita ficar em paz com sua
banda. "Com os Strokes, eu costumava cuidar de todos os detalhes, e agora só
quero que todo o mundo se dê bem", disse. "Agora eu posso cuidar dos detalhes
sem ter de discutir -não discutir, mas você sabe o que eu quero dizer. Ceder."
Independentemente se sua estreia solo "fracassar ou não", ele disse, "sempre
farei coisas dos Strokes".
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