São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Fazendo relógios bacanas, mas provavelmente inúteis

Por RANDALL STROSS
Quantas teclinhas cabem em um relógio de pulso? Pelo menos 28. Foi esse tanto que a Hewlett-Packard colocou no seu primeiro "instrumento de pulso", chamado HP-01, em 1977. Foi um verdadeiro fracasso comercial.
Anos mais tarde, o celular se tornaria um dispositivo onipresente e multifuncional que, por acaso, mostra as horas.
Assim, muitos jovens jamais adquiriram o hábito de usar um relógio de pulso. Isso não é novidade, mas eis a notícia que realmente surpreende: a HP e algumas outras companhias estão novamente promovendo os relógios de pulso, quase como se o celular nunca tivesse surgido.
Em fevereiro, num evento em Xangai, Phil McKinney, executivo da HP, apresentou o MetaWatch, um protótipo desenvolvido pela Fossil, que ele descreveu como sendo a primeira geração de "relógios conectados".
Essa versão possui Bluetooth, mas a ideia a longo prazo é dotá-lo de recursos sem fio para centralizar todos os seus equipamentos portáteis compatíveis com a internet -telefone, laptop, tablet. O MetaWatch seria "o ponto de acesso wi-fi móvel no seu pulso", disse McKinney na apresentação.
Em uma recente entrevista, ele disse que a telinha do relógio seria suficiente para alertas notificando o usuário, por exemplo, "quando você tem mais quatro e-mails, três atualizações no Facebook e 10 tweets".
McKinney, 50, disse que mesmo consumidores sem o hábito de usar relógio de pulso vão achar o MetaWatch atraente. Eles o usariam, por exemplo, não só para ver as horas. "Eu aperto um botão e -bum- entrei no Foursquare", exemplificou.
Marshal Cohen, analista chefe de varejo do NPD Group, firma internacional de pesquisa de mercados, não enxerga o mesmo apelo. O MetaWatch, segundo ele, "seria a ideia certa -cinco anos atrás".
"Mas agora temos uma central de comunicações: o smartphone", acrescentou. "A tecnologia ultrapassou o MetaWatch."
Catherine Moellering, vice-presidente executiva da consultoria de varejo Tobe, vê a geração de 11 a 17 anos se interessar por relógios de pulso. "O relógio de pulso tinha desaparecido tão completamente para esses jovens consumidores que hoje eles poderiam descobrir os relógios como se nunca tivessem existido antes", disse ela. Mesmo assim, alertou, esse acessório barato tem perspectivas incertas.
A Apple não vende relógios, mas você pode adquirir pulseiras da LunaTik, criadas para segurar um iPod Nano da atual geração no pulso. O Nano, no entanto, não permite conexão sem fio.
Outra empresa, a Allerta, tem um relógio compatível com Bluetooth, que pode ser programado para mostrar alertas e mensagens de texto curtas -não muito diferentes daquelas imaginadas por McKinney- aproveitando um smartphone ou um PC próximo.
Mas será que precisamos desses alertas? Mensagens de todos os tipos estão chegando aos nossos smartphones - sabemos disso sem precisar verificar. Então, usar um segundo dispositivo para nos mandar olhar o primeiro parece supérfluo.
Tal relógio vai fornecer informação sobre a informação. É "meta" mesmo.


Texto Anterior: Qual ‘gadget’ podemos descartar do dia a dia?
Próximo Texto: Arte & Estilo
O rosto por trás da batida

Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.