São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENSAIO

PHYLLIS KORKKI

Um passo atrás pode fazer a carreira avançar

A ideia subverte a noção de uma ascensão constante na escada corporativa: às vezes, é preciso dar um passo atrás para seguir adiante.
A maioria das carreiras não segue mais a clássica progressão vertical, disse Cathy Benko, vice-presidente e executiva-chefe de talentos da Deloitte LLP, que tem pesquisado essa área. Em vez disso, muita gente sobe, desce, sai, volta e anda de lado ao longo das suas vidas profissionais, afirmou ela.
Os EUA corporativos estão muito menos hierárquicos do que há 25 anos, o que implica menos possibilidades de ascensão, explicou Benko. E obrigações e metas pessoais ocupam mais tempo das pessoas, tornando-as menos propensas a permanecerem focadas em suas carreiras em todos os momentos.
Mesmo assim, muitos profissionais temem que descer ou sair dessa escalada será visto como algo negativo, quando, na verdade, podem ser movimentos saudáveis.
Um movimento lateral na carreira pode ser relativamente fácil de fazer. Mas quando seria o caso de cogitar uma redução de salário, ou de se candidatar a um emprego que está mais abaixo no organograma?
Tudo depende das suas metas de longo prazo. Eis algumas possíveis considerações: Se você quer se transferir para uma empresa maior e de mais destaque, pode ter de assumir uma posição hierarquicamente inferior à que ocupa hoje.
Da mesma forma, se você quer assumir rapidamente uma posição mais elevada e com mais responsabilidades, pode optar por se transferir para uma empresa menor, o que talvez signifique uma redução de salário.
Se você deseja adquirir mais habilidades "vendáveis", pode escolher ir temporariamente para um cargo inferior, disse Benko. Um programador que atue em um enorme sistema mais antigo pode querer trocá-lo pela mais avançada área da computação em nuvem, exemplificou ela.
Ou suponha que você esteja de olho em virar chefe. A maioria das empresas quer que seus principais executivos tenham experiência em todas as principais facetas do negócio, disse o especialista em carreiras Donald Asher.
Um gerente-geral de hotel, por exemplo, precisa ter experiência nos departamentos de alimentação e bebidas, reservas e manutenção. Se você não teve uma passagem por uma dessas áreas, talvez tenha de fazer um desvio para trás por algum tempo, explicou Asher.
Mas as considerações não param por aqui. E se você simplesmente não se sente feliz onde está? Nesse caso, talvez queira convencer seu eventual empregador a transferi-lo para outro departamento, mesmo que isso signifique redução salarial, afirmou ele.
Com frequência, as pessoas agarram o cargo mais remunerado que lhes é oferecido, para então se verem em um beco sem saída em termos profissionais, disse Asher.
O medo e a percepção de que precisam de uma boa renda podem impedir as pessoas de tomar decisões que seriam boas a longo prazo, disse ele.
Então, pare de se obcecar com o salário, aconselhou, e "aproveite a oportunidade que o posicione para onde você quer estar dentro de cinco anos".


Texto Anterior: Rede elétrica empacada atrapalha sonho indiano
Próximo Texto: Ensaio - John Tierney: Teste de imparcialidade dá lições de moral
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.