São Paulo, segunda-feira, 15 de novembro de 2010

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À procura dos anjos de salto alto

Modelos mais raras do que superatletas

Por GUY TREBAY

Assim um anjo ganha asas. Primeiro nasce, em lugares como Belarus ou Florianópolis, e, quando cresce, fica linda. Aí é descoberta, provavelmente em um shopping. Em seguida, entram o tempo, o treinamento, o apoio e os muitos milagres.
Incontáveis meninas esperam ser descobertas nos testes da Victoria's Secret, mas o fato é que os "angels", representantes da grife, não são pessoas comuns.
Edward Razek, executivo-chefe de marketing da Limited Brand, empresa controladora da marca, disse antes de uma sessão de testes para o show da Victoria's Secret neste ano: "Contratamos 30 modelos, mas dez vezes mais do que isso são enviadas para nós pelas agências para serem consideradas. E cem vezes mais do que isso gostariam de sê-lo".
O espetáculo, a ser transmitido em 30 de novembro para 11 milhões de pessoas em 185 países, foi gravado diante de uma plateia bem menor no dia 11 em Nova York.
Numa manhã recente, em um prédio de escritórios em Manhattan, Razek e outras personalidades da indústria da beleza sentaram-se diante de uma mesa dobrável, a cerca de dez passos largos de um biombo improvisado com uma arara de calcinhas e sutiãs da Victoria's Secret. Por trás do biombo, alguns dos seres mais lindos do planeta despiam suas roupas cotidianas e colocavam sutiãs acetinados, calcinhas de biquíni com lacinhos e sapatos com altíssimos saltos plataforma.
"O que as pessoas não percebem é que elas são bem mais raras do que atletas superastros", diz Razek sobre as mulheres com físico para serem "angels" da Victoria's Secret. "O número de pessoas que podem fazer isso provavelmente é inferior a cem no mundo. E no show são só 30 meninas."
Entre as escolhidas estava Carolyn Winberg, uma sueca com jeito de menino, barriga reta, nádegas torneadas e cabelo loiro que o cabeleireiro havia desfiado.
"Não se preocupe com o cabelo", disse a produtora-executiva do show, Monica Mitro, depois que Winberg havia se trocado, desfilado, sorrido, rido, virado, rido e se trocado de novo.
Cada modelo tinha dois minutos para se apresentar. Mas bastaram poucos segundos para que a bielorrusa Maryna Linchuk fosse aprovada. A modelo Angela Lindvall a certa altura comparou a linha de trabalho dela à de um pugilista. "Você precisa se manter no peso", disse. As meninas em geral se preparam durante 12 semanas para o teste, segundo Justin Gelband, personal trainer que trabalha com modelos.
Poucas chegam lá. Menos ainda são escolhidas para vestir as asas de anjo da Victoria's Secret. "As meninas realmente sonham com isso", disse Mitro. Abrindo um caderno de recortes, ela apontou uma foto de uma modelo lacrimosa em um traje alado. "Essas", afirmou, "são as asas que a fizeram chorar".


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