São Paulo, segunda-feira, 18 de outubro de 2010
![]() |
![]() |
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Carro do Google sabe andar sozinho
Por JOHN MARKOFF Mountain View, Califórnia O Google tem desenvolvido secretamente, embora à vista de outros motoristas, veículos capazes de se guiarem sozinhos, usando um software de inteligência artificial que nota a aproximação de outros objetos e imita as decisões de um piloto humano. Com alguém atrás do volante para caso algo saia errado, e um técnico monitorando o sistema de navegação, sete protótipos já percorreram 1.600 km sem intervenção humana, e mais de 225 mil km apenas com controle humano eventual. Um deles chegou a descer a rua Lombard, em San Francisco, uma das mais íngremes e sinuosas dos EUA. O único acidente, dizem engenheiros, foi uma pancada na traseira, dada por outro veículo quando o carro do Google estava parado num sinal. A produção em massa de carros autônomos ainda vai levar anos, mas tecnólogos acreditam que eles poderão causar uma mudança tão profunda na sociedade quanto a internet causou. Os pilotos automáticos reagem com mais rapidez que os humanos, têm uma percepção em 360° e não se distraem, não dormem nem bebem, dizem os engenheiros. Eles falam em termos de vidas salvas e ferimentos evitados -mais de 37 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito nos EUA em 2008. Os engenheiros dizem que a tecnologia poderia duplicar a capacidade viária, por permitir que os carros andassem mais "colados". Com a menor propensão a acidentes, os carros poderiam ser mais leves, reduzindo o consumo de combustível. O projeto inovador do Google foi concebido por Sebastian Thrun, diretor do Laboratório de Inteligência Artificial de Stanford e um dos inventores do serviço de mapeamento Google Street View. Ao falar dos carros-robôs, Thrun soa como um evangelista. Ele antevê carros que não precisem de ninguém ao volante, e que sejam chamados eletronicamente, podendo então ser compartilhados. Isso significaria menos carros, reduzindo a necessidade de espaço para estacionamento, que consome terrenos valiosos. E, naturalmente, esses carros podem salvar os humanos de si mesmos. "Podemos enviar o dobro de mensagens de texto no carro, sem culpa?", disse Thrun numa conversa recente. "Sim, podemos, desde que os carros se dirijam sozinhos." A utilização da inteligência artificial para revolucionar os automóveis é uma prova das ambições do Google de ir além do seu campo de atuação com mecanismos de busca. Durante um recente passeio de meia hora a partir do campus do Google em San Francisco, um Prius equipado com vários sensores e seguindo uma rota programada no GPS acelerou com agilidade na via de acesso e se misturou ao veloz tráfego da Highway 101, rodovia que cruza o vale do Silício. Ele andou no limite da velocidade, que ele sabia qual era, pois o limite de cada estrada está no seu banco de dados, e deixou a rodovia várias saídas depois. Christopher Urmson, um especialista em robótica, estava ao volante, mas sem usá-lo. Para controlar o carro, ele teria de fazer uma de três coisas: apertar um botão vermelho junto à sua mão direita, pisar no freio ou virar o volante. Fez isso duas vezes: quando um ciclista furou um sinal vermelho, e quando um carro à frente parou e começou a dar ré para estacionar numa vaga. Mas, aparentemente, o Prius iria evitar o acidente por si só. O advento de veículos autônomos gera questões jurídicas complicadas, admitem os pesquisadores do Google. Pela lei atual, um humano precisa controlar o carro, mas e se o humano não estiver realmente prestando atenção, achando que o robô dirige com mais segurança? No caso de acidente, quem seria o responsável -a pessoa atrás do volante, ou o fabricante do software? "A tecnologia está à frente da lei em muitas áreas", afirmou Bernard Lu, assessor do Departamento de Veículos Automotores da Califórnia. Próximo Texto: Nova web enfrenta vários riscos Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |