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Visitantes têm rara visão da antiga Bagdá
Por TIMOTHY WILLIAMS e YASMINE MOUSA
BAGDÁ - Um grupo de visitantes estrangeiros fez uma excursão por Bagdá
recentemente. Esse fato teria passado despercebido em quase qualquer outra
capital. Mas não em Bagdá, onde recentemente a população confundiu os ruídos de
uma tempestade com possíveis ataques insurgentes.
Assim, para garantir que a paz prevalecesse por algumas horas, as autoridades
mobilizaram um batalhão inteiro do Exército iraquiano, centenas de policiais e
um grupo de comando das forças especiais do Ministério do Interior e tomaram a
medida extraordinária de fechar a maior parte do antigo bairro histórico de
Bagdá.
A ocasião foi uma excursão de cerca de 75 arquitetos e urbanistas de EUA,
França, Irã, Japão e outros países, que participaram de uma conferência de seis
dias sobre "A preservação dos centros urbanos iraquianos".
Depois de um discurso de boas-vindas do premiê Nuri al Maliki, eles passaram
dias escutando especialistas em redesenvolvimento. No quarto dia, amontoaram-se
em três micro-ônibus com policiais fortemente armados e agentes da inteligência
em veículos blindados, para um passeio pelas maravilhas arquitetônicas e
culturais a que a maioria dos estrangeiros não teve acesso durante décadas e que
os iraquianos muitas vezes têm medo de visitar.
Enquanto os ônibus eram liberados rapidamente nos postos de controle, em ruas
que geralmente são barradas, as pessoas colocavam as cabeças para fora dos
carros e apontavam. A probabilidade de ver um estrangeiro que não esteja usando
uniforme ou carregando uma arma é extremamente pequena ali.
"Quem são vocês?", gritou um motorista de táxi.
Como quase todas as outras pessoas no passeio, Marc Santos, 49, arquiteto que
trabalha para o município de Barcelona, disse que temia os perigos de Bagdá, mas
decidiu que valia a pena arriscar-se para ver o que é essencialmente uma cidade
proibida. "Tudo aqui é muito controlado", disse. "Mas acho que isso é lógico."
A primeira parada foi a Universidade Mustansiriya, inaugurada em 1233 durante a
era de ouro islâmica. A cidade foi saqueada 25 anos depois por Hulagu Khan, neto
de Gengis e irmão de Kublai.
Os excursionistas subiram vários lances de escadas até o teto. Uma jovem fingiu
cair, o que teria sido uma nova maneira de morrer no Iraque. No telhado, os
soldados puxaram suas próprias câmeras e tiraram fotos de si mesmos, exibindo
raros sorrisos.
A parada seguinte foi um mercado onde tapetes, livros, tecidos e artigos de
cobre, que há muito tempo fazem parte da identidade de Bagdá, estão entre os
itens mais vendidos.
No mercado de antiguidades e cobre, o ruído de martelos moldando o metal ecoava
pelo prédio, mas o lugar tinha sido esvaziado de compradores e de grande parte
de sua personalidade. Os comerciantes em seus estandes espiavam os visitantes.
Geralmente falantes, os homens nada diziam. "Nós gostamos de visitantes", disse
um vendedor finalmente. "Precisamos de mais deles."
Enquanto o passeio se aproximava do fim, Michael Pearson, 77, arquiteto
londrino, derretia no calor. Ele usava um terno azul risca-de-giz com um lenço
vermelho no bolso, camisa listrada vermelha e gravata vermelha.
Diferentemente da maioria das pessoas no passeio, Pearson já havia estado em
Bagdá -mas isso fora 30 anos atrás. "[A cidade] está parecendo muito cansada
depois de três guerras", ele disse. "É muito triste."
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