São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

DONG MINGZHU

A empresária vista como 'durona' na China

Por DIDI KIRSTEN TATLOW
ZHUHAI, CHINA - Dong Mingzhu é conhecida como uma das empresárias mais duras que atuam na China.
Giram histórias ao redor de Dong, 56, presidente da Gree, uma das maiores fabricantes de condicionadores de ar do mundo: que ela conseguiu o sucesso no difícil ano de 1994 vendendo condicionadores em uma primavera fria, por alto preço, quando os concorrentes cortavam seus preços em 20%. Que, certa vez, ela mandou seu filho de 12 anos sozinho para o aeroporto de ônibus porque estava ocupada.
Ela é uma raridade em um país onde "os homens estão no comando, politicamente".
Hoje, as seis fábricas da Gree no mundo -três na China e outras três no Brasil, Paquistão e Vietnã- têm uma capacidade de produção de 34 milhões de aparelhos de ar-condicionado por ano. E duas outras fábricas na China entraram em construção no ano passado. Agora, a Gree espera abrir uma nos EUA.
A companhia teve, nos primeiros três trimestres de 2010, uma receita de 44,3 bilhões de renminbi ou US$ 6,7 bilhões, e um lucro líquido de 2,9 bilhões de renminbi, com a demanda aumentando novamente nos principais mercados da China, do Oriente Médio, do Brasil, da África e do Sudeste Asiático.
O sucesso não foi fácil. Como uma viúva de 36 anos em 1990, ela deixou o filho com a mãe em Nanquim e viajou para o sul, desenvolvido economicamente.
Para a maioria dos chineses, ela é conhecida por sua determinação. "Onde a irmã Dong caminha, a relva não cresce" e "Quando ela o mastiga, não cospe nem os ossos" são avaliações de concorrentes homens.
"Ela representa bem o tipo de mulher que faz sucesso no mundo dos negócios na China", disse Feng Yuan, diretora do Centro de Estudos Femininos da Universidade de Shantou. "O feminismo não se disseminou muito, por isso elas não têm como fazer sucesso a não ser imitando os homens."
"Eu nunca desisto", disse Dong, explicando seu êxito com medidas de dureza e charme.
A mulher sonhou em ser soldado falou sobre o lugar da China no mundo: "Sempre digo a meus colegas que a globalização deveria ocorrer em chinês".
Mas, pouco depois, ela acrescentou: "Temos de parar de pensar que nosso país é melhor que os outros".
A caçula de sete filhos, Dong não herdou riqueza. Ela não tinha ligações políticas. Antes da morte do marido, sobre o qual não fala, era técnica em um laboratório químico. Então, veio a viagem para o sul.
Durante quatro anos, ela trabalhou como vendedora de ar-condicionado. Em 1994, tornou-se diretora de vendas, em 1996, vice-presidente e, em 2001, presidente.
"Você precisa oferecer um bom serviço", ela disse. "E qualidade. Então, a confiança vem naturalmente."
Sua influência é considerável. Por duas vezes delegada no Congresso Nacional do Povo, detém cargo em organizações setoriais, femininas e de caridade e deu aula em universidade. Dong paga a seus trabalhadores em média 3.300 renminbi por mês, bem mais que o padrão do setor.
Habitação e outros benefícios também são melhores. As funcionárias podem tirar 24 semanas de licença-maternidade paga, mais que os três meses estipulados por lei.
Dong orgulha-se das políticas de emprego da Gree, mas continua crítica das mulheres chinesas. "O presidente Mao queria que as mulheres segurassem a metade do céu, mas poucas mudaram", ela disse.
Perguntada por que nunca se casou de novo, Dong faz uma pausa e então diz: "Não encontrei o homem certo". Depois acrescenta: "Não gosto de ser restringida. E quando você se casa tem responsabilidades para com a outra pessoa".


Texto Anterior: Perfis
De espião famoso a supervisor nos EUA

Próximo Texto: Bradley Cooper: Belo, encantador e um ator realmente sério
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.