São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 2011

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Mesmo mais caros, artigos de luxo vendem bem

Na Chanel, Porsche e Gucci, reflexos da recessão cessaram

Deidre Schoo para The New York Times
Os 5% de maior renda respondem por cerca de um terço dos gastos nos Estados Unidos. A loja Bergdorf Goodman em NY

Por STEPHANIE CLIFFORD

A Nordstrom tem uma lista de espera por um casaco de tweed com lantejoulas de Chanel que custa US$ 9.010.
A Neiman Marcus esgotou quase todos os tamanhos de sapatos de plataforma "Bianca" de Christian Louboutin, por US$ 775 o par.
A Mercedes-Benz disse que vendeu mais carros no mês passado nos EUA do que em qualquer mês de julho dos últimos cinco anos.
Mesmo com muitos americanos contendo os gastos, os ricos estão novamente comprando roupas de grife, carros de luxo e praticamente qualquer coisa que desperte o desejo.
As lojas de produtos de luxo, que tiveram um péssimo momento durante a recessão, estão mais do que se recuperando -estão disparando.
Muitas empresas voltadas para o consumidor de alta renda conseguem até reajustar os preços, em vez de dar descontos, de produtos que atraem clientes que equacionam qualidade e preço.
"Se um sapato de grife passa de US$ 800 para US$ 860, quem percebe?", disse Arnold Aronson, diretor-gerente de estratégias de varejo na firma de consultoria Kurt Salmon e ex-executivo-chefe da Saks Fifth Avenue.
Os ricos não gastam tanto quanto gastavam no período desenfreado pré-recessão, mas estão mais perto daquele nível.
A categoria de luxo registrou dez meses consecutivos de aumento de vendas, comparadas com o ano anterior, enquanto o gasto geral do consumidor esteve morno, segundo informações do serviço de pesquisas MasterCard Advisors SpendingPulse. Em julho, o segmento de luxo teve um aumento de 11,6%, o maior ganho mensal em mais de um ano.
O que mudou? Principalmente, o mercado de ações, dizem varejistas e analistas, mesmo considerando a volatilidade mais recente.
"Embora tenha havido saltos, segundo dados econômicos diferentes, geralmente a tendência foi no sentido positivo", disse Karen W. Katz, presidente e executiva-chefe do Neiman Marcus Group.
Os relatórios de lucros recentes de algumas empresas mostram exatamente quanto o consumidor de alto nível está novamente disposto a gastar. As vendas da joalheria Tiffany's no primeiro trimestre aumentaram 20%, chegando a US$ 761 milhões.
No final de julho, a LVMH, que é dona de marcas caras como Louis Vuitton e Givenchy, registrou no primeiro semestre do ano um aumento de vendas de 13%, atingindo € 10,3 bilhões ou US$ 14,9 bilhões.
A PPR, que reúne Gucci, Yves Saint Laurent e outras marcas, disse que as vendas do seu segmento de luxo cresceram 23% no primeiro semestre. Os lucros também aumentaram em porcentagens de dois dígitos para muitas dessas empresas citadas.
A BMW disse, no início de agosto, que mais do que duplicou seu lucro trimestral em relação ao ano passado, com aumentos de vendas de 16,5%; a Porsche disse que seu lucro no primeiro semestre aumentou 59%; e, segundo a Mercedes-Benz, as vendas em julho do seu sedã de luxo S-Class saltaram quase 14% nos Estados Unidos.
Enquanto essa gastança pode não ser um grande conforto para as pessoas que estão desempregadas ou sem dinheiro, os mais ricos podem contribuir de maneira desproporcional para a recuperação econômica como um todo.
"Esse grupo é vital porque a faixa de 5% de maior renda representa cerca de um terço dos gastos, e os 20% mais ricos representam perto de 60% dos gastos", disse Mark Zandi, economista-chefe da Moody's Analytics.
"Isso foi importante para explicar por que sofremos uma recessão tão ruim -os gastos deles caíram muito acentuadamente", completou.
Alguns anos atrás, os comerciantes de luxo estavam sofrendo. As lojas de alto padrão começaram a cortar os preços.
As vendas de produtos de luxo caíram 17,9% em outubro de 2008 em relação ao ano anterior, segundo a SpendingPulse, e as quedas de dois dígitos continuaram até maio de 2009. Hoje, os compradores correm para as prateleiras de produtos caros.
A empresária Caroline Limpert, 31, de Nova York, disse que fica feliz em gastar em peças clássicas, como a bolsa Yves Saint Laurent que possui nas cores chocolate e preto, mas desde a recessão evita artigos muito vistosos. "Se você tem meios para gastar, não quer chamar atenção para isso". Mas ela vai às compras rapidamente no início de cada estação. "Compro coisas que poderiam se esgotar."


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