São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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Migrantes no Canadá encontram braços abertos e TV grátis

Manitoba atrai os que têm qualificação e dinheiro

Por JASON DePARLE
WINNIPEG, Manitoba - Debates rancorosos a respeito da imigração irromperam em todo o mundo, mas poucos países recebem mais imigrantes per capita do que o Canadá.
"Eu ainda não ouvi as pessoas dizerem que querem menos imigrantes", disse a ministra da Imigração de Manitoba, Jennifer Howard. "Mas escuto 'Como podemos trazer mais?'"
Enquanto ondas de imigrantes do mundo em desenvolvimento reconstruíram o Canadá há uma década, a população de Manitoba, famosa por sua amabilidade, ficou irritada pela preferência dos recém-chegados por Montreal, Toronto ou Vancouver a sua humilde província de pradarias.
Exigindo "nossa justa parcela", Manitoba ganhou nova força para trazer estrangeiros, escolhendo grupos étnicos e ocupacionais. Hoje, Winnipeg é um polo de diversidade.
A cidade oferece estoques de óleo de palma e purê de inhame, quatro jornais filipinos, um grande festival Diwali hindu e um curso obrigatório sobre vida canadense. Cerca de 600 estrangeiros por mês aprendem que a Constituição do Canadá garante "o direito à vida, liberdade e segurança", além de os empregadores gostarem de cartas de apresentação na fonte Times New Roman (uma nota delicada para os filipinos: currículos com fotografias, populares em Manila, não são bem-vindos).
"Desde o momento em que pousamos no aeroporto, foi amor o tempo todo", disse Olusegun Daodu, 34, um profissional de compras da Nigéria. Ele ficou maravilhado com o seguro-saúde gratuito. "Se temos qualquer motivo para ir ao hospital, agora vamos" O Canadá, que tem pequena imigração ilegal, há muito busca imigrantes para popular a segunda maior área terrestre do mundo.
"A grande diferença entre o Canadá e os Estados Unidos é que não temos fronteira com México", disse Naomi Alboim, uma ex-autoridade de Imigração.
Cerca de 20% dos canadenses são nascidos no estrangeiro, e eles rapidamente adquirem o direito ao voto.
"É suicídio político ser contra a imigração", afirmou Leslie Seidle, do Instituto para Pesquisa de Políticas Públicas, em Montreal.
Alguns surtos de descontentamento podem ser encontrados. O rápido crescimento da imigração no Canadá alimentou queixas sobre congestionamentos e custos de moradia. Um complô terrorista frustrado em 2006 causou uma modesta preocupação sobre o islamismo radical.
"Existe consideravelmente mais preocupação entre a população do que se reflete em nossas políticas", disse Martin Collacott, fundador do Centro para Reforma da Política Imigratória.
Ele afirma que o alto nível de imigração aumentou o custo da rede de segurança, desacelerou o crescimento econômico e esgarçou a coesão cívica.
O programa de Manitoba exige que a maioria dos recém-chegados tenha uma economia, geralmente cerca de US$ 10 mil. Ao contrário de muitas correntes migratórias, os novos manitobenses têm passados que são notoriamente de classe média.
"Lá em casa era bom -não era ruim", disse Nishkam Virdi, 32, da Índia, que ganha US$ 17 por hora na fábrica de móveis Palliser.
"Como somos do terceiro mundo, pensei que eles poderiam se considerar superiores", disse Anne Simpao, uma enfermeira filipina que ganhou um televisor de um estranho.
Muitos imigrantes se queixam da dificuldade de transferir credenciais profissionais. Heredina Maranan, 45, uma contadora pública certificada de Manila, está empacada em um emprego fabril há uma década. Ela não disfarçou sua decepção quando parentes tentaram segui-la para Manitoba. "Eu não os incentivei", ela disse. Mas eles vieram de qualquer modo.
Com 11 milhões de imigrantes ilegais nos Estados Unidos, Arthur DeFehr, executivo-chefe dos móveis Palliser, vê uma oportunidade para Manitoba. "Tenho certeza de que muitas dessas pessoas dariam cidadãos maravilhosos no Canadá", disse. "Acho que deveríamos trazê-las."


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