São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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MINÉRIOS DE TERRAS-RARAS

Nova procura de rochas anima as mineradoras

Por WILLIAM J. BROAD
Durante décadas, empresários tentaram enriquecer recolhendo rochas feias, do tamanho de batatas, que formam o leito marinho global. Conhecidas como nódulos de manganês, essas rochas são ricas em níquel, cobre e cobalto, assim como manganês e outros elementos, mas estão a quilômetros de profundidade, na escuridão marinha. Construir máquinas gigantescas para aspirá-las nunca se mostrou econômico. Hoje, os visionários frustrados falam sobre a possibilidade de um sucesso retardado.
Os nódulos, afinal, contêm os chamados metais de terras-raras -elementos que têm ampla aplicação comercial e militar, mas atingiram um obstáculo na produção. A China, que controla 95% do suprimento mundial, bloqueou as exportações, desencadeando alarmes políticos em todo o mundo e uma corrida por alternativas. Apesar dos sinais de que a China vai suspender a proibição, observadores dizem que ainda bloqueia as remessas para o Japão, e a caçada por outras fontes continua.
As mineradoras do leito marinho estão sorrindo finalmente? "As pessoas estão bastante intrigadas", disse James R. Hein, um geólogo da Pesquisa Geológica dos Estados Unidos. Dependendo do comportamento da China e da reação global, disse, "as terras-raras poderão ser a força motriz do futuro próximo".
Em outubro, o doutor Hein e cinco colegas da Alemanha apresentaram um trabalho sobre a coleta de nódulos por seus "metais raros e valiosos". Eles o fizeram na reunião anual do Instituto de Mineração Submarina, um grupo profissional da Universidade do Havaí. O trabalho provocou visões de um novo começo.
"Elas realmente agregam valor", disse Charles L. Morgan, presidente do instituto, sobre as terras-raras. O resultado, acrescentou, é que os nódulos ganharam um novo brilho. "As pessoas começam a pensar: 'Bem, talvez essas coisas não sejam tão bobas, afinal'."
O doutor Morgan disse que está considerando iniciar a análise de uma coleção que ele supervisiona de 5.000 amostras de nódulos de todo o mundo, para verificar seu conteúdo de terras-raras. Mas advertiu que o campo da mineração do leito marinho tem uma história de altos e baixos.
Os terras-raras são 17 ao todo e vão do cério e disprósio ao túlio e ítrio.
Suas propriedades únicas resultaram em seu crescente uso em muitas tecnologias da vida moderna. As aplicações incluem ímãs, lasers, fibras ópticas, discos de computador, lâmpadas fluorescentes, baterias recarregáveis, conversores catalíticos, chips de memória de computador, tubos de raio-X, supercondutores de alta temperatura e as telas de cristal líquido (LCD) dos televisores e monitores de computador.
A Pesquisa Geológica dos Estados Unidos considera os elementos raros "essenciais para centenas de aplicações", e candidatos em um futuro próximo a uma "série expandida" de produtos de alta tecnologia.
Se a escassez no suprimento durar muito tempo, adverte a agência em um relatório, "forçaria mudanças significativas em muitos aspectos tecnológicos da sociedade americana".
A secretária de Estado Hillary Clinton chamou o embargo de exportações da China de um "chamado de despertar" para o mundo encontrar novos recursos.
Apesar de seu nome, a maioria das terras-raras não é especialmente rara. Mas suas propriedades geoquímicas significam que elas, raramente, se concentram em jazidas de minério economicamente exploráveis. Durante as últimas duas décadas, a maior parte da produção se transferiu para a China por causa dos custos menores e do histórico do país de fraca regulamentação sobre riscos ambientais (o processamento das terras-raras pode gerar subprodutos tóxicos).
Os cientistas sabiam da existência das terras-raras em rochas no leito marinho há décadas, considerando-as uma curiosidade. Em 1968, o químico Alan M. Ehrlich, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, escreveu uma dissertação de doutorado intitulada "Abundância de terras-raras em nódulos de manganês".
Em entrevista, ele manifestou surpresa sobre o interesse das mineradoras do leito marinho, dizendo que as concentrações são baixas demais para alimentar um renascimento dos nódulos.
As mineradoras concordam, mas dizem que a alta dos preços globais dos metais mais comuns encontrados nas rochas marinhas faz aumentar sua atração.


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