São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O escritório como uma família: pais, irmãos e pacificadores

Por SARAH KERSHAW

O contador de piadas do escritório. A mãezona. O sujeito que tem o rei na barriga. O rebelde. O fofoqueiro. O pacificador. Qualquer pessoa que já fez parte de um local de trabalho provavelmente será capaz de reconhecer pelo menos um desses personagens no cubículo ao lado.
Mas os papéis e a dinâmica entre colegas no local de trabalho podem ir muito mais fundo que esses estereótipos um tanto quanto superficiais, especialmente numa era em que muitas pessoas passam tanto tempo com seus colegas de trabalho quanto com seus familiares e quando o escritório tão freqüentemente espelha a família.
Na visão de alguns psicólogos que estudam os papéis exercidos no local de trabalho, um chefe não é apenas um chefe -ele pode representar um pai distante e desaprovador. Uma gerente imprevisível, que se irrita facilmente, pode ser uma mal disfarçada mãe que rejeita seu filho. Colegas que competem pela atenção do chefe -ou por abonos e aumentos por mérito- são irmãos exercendo sua rivalidade. Os funcionários de uma empresa adquirida por outra numa fusão hostil? Eles podem guardar ressentimento, como o fariam frente a um padrasto ou madrasta indesejado.
Diante de todo o estresse e as incertezas decorrentes da crise econômica, algumas empresas, com a ajuda de psicólogos organizacionais, estão mergulhando fundo para tentar compreender esses sentimentos e papéis.
"O escritório não passa de um conjunto de relacionamentos inteiramente complexo", disse o psicólogo clínico Michael Norris, de Los Angeles, que promove grupos mensais de treinamento em liderança e recebe executivos seniores em consultas individuais. "Você tem parceiros que são seus pares, subordinados ou superiores. São pais e irmãos. Todas essas dinâmicas são exatamente iguais na família e no local de trabalho -apenas os títulos são diferentes."
Vários estudos de tipologia de personalidade já procuraram definir os papéis exercidos por funcionários de escritórios. Em um estudo recente encomendado pela T-Mobile no Reino Unido para compreender melhor a interação de seus profissionais, um psicólogo entrevistou funcionários e traçou oito tipos de personalidade.
Quando os tempos são de dificuldade econômica, uma personalidade de local de trabalho identificada como a "mãezona" -dotada da voz reconfortante da razão e da empatia- pode ajudar a elevar o ânimo do grupo, concluiu a psicóloga Honey Langcaster-James. Já o piadista do escritório "pode decidir que fazer piadas deixou de ser apropriado em tempos tão difíceis".
A consultora de administração Heather Amber Anderson, de Vermont, disse que, na crise, é importante que executovs examinem seus papéis e comportamento no trabalho e os de seus funcionários. "Essa questão se tornou mais crítica que nunca", ela os aconselhou. "As pessoas o estão observando, esperando que você determine o tom emocional da organização. Esta é uma das conversas mais importantes que você precisa ter com você mesmo neste momento."


Texto Anterior: Queda na terceirização preocupa a Índia
Próximo Texto: Saúde & Boa forma: As coisas minúsculas e invisíveis nos produtos do dia-a-dia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.