São Paulo, segunda-feira, 23 de novembro de 2009

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ensaio

Natalie Angier

Porco mostra sua vaidade e esperteza

Inteligência suína tem relação com busca por alimentos Na atual edição da revista "Animal Behaviour", pesquisadores apresentam evidências de que porcos domésticos podem aprender rapidamente como os espelhos funcionam e usar isso para investigar os arredores e localizar seu alimento.
Essa é apenas mais uma descoberta no nascente estudo da cognição suína. Outros pesquisadores já descobriram que os porcos são brilhantes em lembrar onde a comida foi acumulada e o tamanho de cada esconderijo em relação ao resto. Eles demonstraram que o Porco A pode aprender quase instantaneamente a seguir o Porco B quando este indica saber onde um bom alimento está armazenado, e que o Porco B tentará enganar o porco perseguidor e afastá-lo do caminho.
Os estudiosos descobriram que os porcos estão entre os animais mais rápidos para aprender uma nova rotina, que eles podem fazer muitos truques e que também demoram a esquecer.
Recentemente, uma equipe internacional de biólogos divulgou o primeiro esboço do genoma dos porcos.
Mesmo numa olhada superficial, "o genoma suíno se compara favoravelmente ao genoma humano", disse Lawrence Schook, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (EUA), um dos líderes da equipe.
Schook está particularmente interessado em ver se os muitos paralelos fisiológicos e comportamentais entre porcos e humanos se refletem nos respectivos genomas. Há semelhanças nos corações, nos dentes, na forma de metabolizar drogas e, talvez, nos hábitos, segundo ele. "Olho para o porco como um grande modelo animal para as doenças [ligadas ao] estilo de vida humano", afirmou. "Os porcos gostam de ficar deitados por aí, gostam de beber se tiverem a chance, fumam e assistem TV."
Richard Byrne, professor de psicologia evolutiva da Universidade de Saint Andrews, atribui a inteligência suína às mesmas pressões evolutivas que levaram à inteligência dos primatas: vida social e comida. Porcos selvagens vivem em grupos de longo prazo e fuçam em busca de alimentos.
Como comprovadamente os macacos sabem usar espelhos para achar alimentos, Donald Broom, da Universidade de Cambridge, e seus colegas decidiram verificar isso em porcos. Começaram expondo sete porcos de 4 a 8 semanas de vida a períodos de cinco horas com um espelho e gravando suas reações. Os porcos ficavam fascinados, grunhiam, esfregavam o focinho na superfície, olhavam para sua imagem de diversos ângulos, examinavam atrás do espelho. No dia seguinte, quando o espelho era colocado em seu estábulo, os porcos o cumprimentavam com indiferença.
Em seguida, os pesquisadores colocaram o espelho junto com uma tigela de comida que não poderia ser diretamente vista, mas cuja imagem estava refletida no espelho. E, então, compararam as reações dos porcos acostumados ao espelho com as de um grupo de porcos "ingênuos". Ao ver a comida virtual pelo espelho, os porcos experientes se viravam e, após em média 23 segundos, encontravam o alimento. Já os porcos desacostumados ao espelho buscavam em vão a tigela fuçando atrás do espelho.


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