São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2011

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Folha artificial pode tornar toda casa uma central elétrica

Por ANNE EISENBERG
Só Deus pode fazer uma árvore, o poema diz. Mas os cientistas estão trabalhando para fazer com que folhas artificiais produzam combustíveis utilizando a luz do sol, a água e o dióxido de carbono, tal como feito pelas folhas reais. Um dia, as folhas novas podem ajudar as pessoas a aquecer as suas casas e a dirigir os seus carros.
"Se a natureza pode produzir, nós também podemos", disse Gary Brudvig, professor de química da Universidade Yale que estuda a fotossíntese, processo pelo qual as plantas convertem e armazenam a energia do sol. "Queremos usar os princípios da natureza para originar uma folha artificial", disse ele, acrescentando que grupos de pesquisa em todo o mundo estão trabalhando na ideia.
"Folhas artificiais são inspiradas nas folhas, mas não vão se parecer com elas", disse Nathan S. Lewis, professor de química do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena. Ele é o investigador principal de um projeto de cinco anos sobre a fotossíntese artificial que recebe subsídio de até US$ 122 milhões do Departamento de Energia dos EUA.
Folhas artificiais não são novidade em laboratórios, Brudvig disse, mas elas têm sido um projeto muito caro, muito frágil e muito ineficiente para competir comercialmente com os sistemas baseados em combustíveis fósseis.
"Nós contaremos com os melhores esforços em todo o mundo", disse Lewis, "e os colocaremos juntos em um sistema para absorver a luz solar na energia certa para fazer combustível."
Um criador de folhas artificiais, Daniel Nocera, também professor de energia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), deseja começar colocando esses sistemas sobre os telhados das casas nos países em desenvolvimento. "O objetivo é fazer com que cada casa tenha a sua estação de energia".
A folha é feita de materiais baratos e funciona com água comum, disse ele. Em uma demonstração, Nocera usou um pedaço fino de silício do tamanho de uma carta de baralho. O silício foi revestido com catalisadores, criados por ele e por seu grupo, capazes de quebrar rapidamente a molécula de água em hidrogênio e oxigênio.
"De um lado do silício, o hidrogênio começa a borbulhar, e as bolhas de oxigênio fazem o mesmo no outro lado," afirmou Nocera.
Os catalisadores são colocados diretamente sobre o silício, então nenhuma fiação extensa é necessária, como no padrão de células fotovoltaicas, para converter a luz solar em corrente de energia e quebrar a água em hidrogênio e oxigênio. Também não é necessária nenhuma membrana extensa. Ele planeja usar o hidrogênio como combustível. Seu sistema é projetado para casas com necessidades energéticas modestas.
Daniel R. Gamelin, professor de química da Universidade de Washington em Seattle, disse: "as pessoas em países pobres podem gerar o hidrogênio no lugar em que quiserem usá-lo."
Em 2008, Nocera formou uma empresa, a Sun Catalytix, com financiamento, entre outros, do Grupo Tata, da Índia, e da Polaris Ventures Partners. Ele disse que seus parceiros estavam trabalhando no desenvolvimento da tecnologia para fins comerciais.
Tais sistemas poderiam ser transformadores, disse Brudvig, de Yale. "Nós não temos um sistema que pode ser usado comercialmente para a fotossíntese, capaz de concorrer com os combustíveis fósseis", disse ele. "O desenvolvimento é de importância central, se quisermos passar de uma economia de energia de combustíveis fósseis para uma economia de energia renovável."


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