São Paulo, segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

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Rolfing utiliza a dor para beneficiar o corpo

Por AUSTIN CONSIDINE

Depois de ser dançarina por 14 anos, Anna Zahn está redescobrindo seu corpo. Para ganhar flexibilidade e contrabalançar parte do impacto da dança, ela começou a fazer Rolfing -uma terapia corporal tão intensa que alguns a comparam, brincando, ao masoquismo.
"Não é como frequentar a massagem e acender velas de aromaterapia", disse Zahn, 20, aluna da Universidade de Nova York.
"É duro participar dessas sessões. É doloroso, muito doloroso, emocional e fisicamente. Mas, quando sai de lá, você sente um alívio que é a sensação mais incrível."
Popular na década de 1970, o Rolfing já foi associado ao pessoal "New Age" em busca de terapias alternativas. Hoje, a técnica atrai jovens urbanos para quem a ioga deixou de ser novidade.
A internet apresentou o tratamento a uma nova geração, segundo Rey Allen, terapeuta rolfista em Manhattan. "Mais de metade da minha clientela tem de 20 a 30 anos", acrescentou ele. "Desde que abri meu consultório na cidade há alguns anos, a idade média dos meus clientes sempre foi de 35 anos. Mas isso mudou desde o último verão."
O nome Rolfing alude à sua criadora, Ida Rolf, bioquímica nova-iorquina que estudou métodos alternativos de trabalho corporal e cura a partir dos anos 20. Morreu aos 82 anos em 1979. Ida Rolf desenvolveu a teoria de que as dores e os incômodos advêm de desequilíbrios na postura e alinhamento, que foram criados e reforçados com o tempo pela gravidade e pelas reações aprendidas entre os músculos e a fáscia, o tecido fibroso que envolve os músculos e os mantém unidos. O Rolfing se desenvolveu como forma de "reestruturar" os músculos e a fáscia.
O foco na manipulação da fáscia é parte do que distingue o Rolfing da quiropraxia, que lida com os ossos, e da massagem terapêutica, que trabalha com os músculos.
Isso explica por que o Rolfing tem fama de ser agressivo, às vezes doloroso. A fáscia é um material teimoso, particularmente se estiver marcada por nós e tecido com cicatrizes. Os rolfistas usam os nós dos dedos como cinzel, e os punhos para massagear. Contorcem membros e se inclinam sobre cotovelos para afrouxar tendões e ligamentos. Os pacientes precisam ser valentes para encararem uma hora de sessão.
Russell Poses, 39, operador financeiro em Wall Street, começou a fazer Rolfing por causa de uma lesão nas costas e comparou a experiência a "pagar US$ 150 por hora por um 'Indian burn'" -brincadeira em que uma criança torce o antebraço de outra para deixá-lo vermelho e dolorido. Mas Poses acha que vale a pena, e que duas ou três sessões fizeram o que quiropráticos e os vários anos de fisioterapia não conseguiram. E, semanas depois, ele ainda sente o resultado. "É algo que realmente dura."
O Instituto Rolf de Integração Estrutural, fundado por Ida Rolf em 1971 para formar e certificar terapeutas, diz ter notado um aumento nas matrículas em sua sede, em Boulder, no Colorado.
Os rolfistas dizem também ter notado uma mudança que pode explicar por que a clientela mais jovem está procurando seus serviços. Não é só para tratar de lesões mas também do estresse. "A tendência real é que as pessoas estão começando a procurar o sentido das suas vidas dentro das fronteiras da sua própria pele", disse Allen, que se tornou terapeuta há nove anos. Beau Buffier, 35, sócio de um escritório de advocacia corporativa em Nova York, diz que começou a fazer Rolfing depois de ter machucado o pescoço e o ombro numa queda. Depois de fazer três tomografias, cirurgia, fisioterapia, quiropraxia, acupuntura e massagem profunda, a dor continuava. O estresse pelo trabalho não colaborava.
Mas, de algum jeito, o Rolfing resolveu. "É lidar com as manifestações físicas de algo que é meio emocional ou espiritual", disse Buffier.
Desde então, ele passou a ter mais contato com seu corpo de outras maneiras. Começou a fazer mais exercícios e a comer melhor. Perdeu nove quilos. Sua pressão arterial diminuiu. "É como se o corpo quase deixasse as emoções trancadas", disse ele.


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