São Paulo, segunda-feira, 30 de março de 2009

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Especialistas divergem sobre riscos de químicos nos colchões

Por JULIE SCELFO

Quando ficou grávida de seu primeiro filho, no ano passado, Chau Ngo-Rayman começou a se preocupar com as substâncias químicas contidas nos produtos que comprava. A internet estava cheia de dicas sobre como cozinhar alimentos orgânicos e onde comprar roupas de algodão orgânico. Mas, quando chegou a hora de comprar um colchão para o berço, ela ficou confusa.
Nas lojas e na web, Chau encontrou muitos colchões rotulados de "orgânicos", "naturais" ou "ecológicos", mas pouca orientação sobre o que isso significava ou o que tornava algum deles melhor que outro, ou diferente de um colchão convencional. Lojas de todos os EUA têm promovido ultimamente os benefícios de colchões "orgânicos" e "naturais". Há modelos feitos de grãos de soja, infundidos de chá verde e tratados com aloe vera. Mas é cada vez mais difícil para os consumidores entender as diversas alegações dos fabricantes.
A composição real do colchão é importante, pelo menos na opinião de alguns, porque segundo eles qualquer produto feito de material sintético traz potenciais riscos para a saúde. "Você passa um terço da vida na cama", diz Debra Lynn Dadd, escritora e blogueira que há 25 anos escreve sobre substâncias tóxicas em produtos domésticos. "Se você se interessa por alimentação orgânica e produtos de beleza naturais, deve perceber que, na verdade, tem uma exposição maior a produtos químicos tóxicos em sua cama do que em qualquer outro lugar."
Nem todos concordam com essa teoria, mesmo entre os que se preocupam seriamente com os perigos das substâncias tóxicas. Arlene Blum, química biofísica e diretora do Instituto de Políticas da Ciência Verde, um grupo de defesa ambiental em Berkeley, Califórnia, acredita que a questão dos colchões orgânicos não passa de um "golpe de marketing". "As substâncias químicas em produtos de consumo são um grande problema", disse. "Os colchões são uma das poucas coisas que não apresentam risco."
Walter Bader, autor de "Toxic Bedrooms: Your Guide to a Safe Night's Sleep" [Quartos tóxicos: guia para uma noite de sono segura], discorda. Ele criou a Organic Mattresses Inc. em 2003, para que pudesse controlar todos os aspectos da produção. "Tenho acreditado, por 20 anos, que os colchões são comparáveis aos cigarros nos anos 1930", disse Bader. "Potencialmente muito perigosos e sem advertências do governo."
Essas alegações são discutíveis. Robert Luedeka, diretor-executivo da Associação de Espuma de Poliuretano, rejeita a ideia de que a espuma dos colchões é perigosa. Pare ele é uma "tática de medo" para ajudar a vender outros produtos. "Não comeria espuma", ponderou Luedeka. "Mas faria qualquer outra coisa com ela. Acho que é extremamente segura."


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