|
Índice
OMBUDSMAN
Futebol, São Paulo e Lula
MARCELO BERABA
Os números que selecionei
e estão editados neste quadro ao lado revelam um pouco o
que foi a Folha ao longo de 2004
e as principais preocupações de
seus leitores. Não é um retrato
acabado do desempenho do jornal, apenas flashes.
Aí estão informações que se
completam: os principais assuntos elegidos pelo jornal na cobertura diária e nos artigos que publica; os erros que cometeu e corrigiu; e as reclamações e contribuições dos leitores.
O interesse do jornal
A Folha publicou, entre 1º de
janeiro e 30 de novembro, cerca
de 81 mil textos na edição SP. Os
textos jornalísticos (reportagens,
entrevistas e notas) somam,
aproximadamente, 57 mil. A diferença é constituída de colunas
de opinião e de notas, artigos,
cartas dos leitores e capa.
O Banco de Dados fez um levantamento dos principais assuntos tratados pela Folha no
período. O resultado não contém
grandes surpresas para quem
acompanha o jornal, mas permite alguma reflexões.
Três temas podem ser considerados permanentes: futebol, a cidade de São Paulo e o governo
Lula, cada um representando
aproximadamente 10% do material jornalístico publicado.
Um foco nos assuntos políticos
mostra que, além do governo federal, o jornal deu bastante espaço neste ano para as eleições
municipais (2.297 textos noticiosos em que aparecem como assunto principal). O partido mais
acompanhado é o PT (1.497), seguido de longe pelo PSDB (739).
Depois de Lula, o personagem
que o jornal mais reportou foi
Marta Suplicy (1.092), prefeita
até anteontem e candidata derrotada à reeleição. Para efeito de
comparação, seus principais adversários em São Paulo, José Serra (753) e Geraldo Alckmin
(239), mereceram bem menos
atenção.
São Paulo e Rio
Há um outro aspecto relevante
que o levantamento do Banco de
Dados expõe: fora Brasília (administração federal), o interesse
principal do jornal está concentrado em dois Estados -São
Paulo e Rio de Janeiro. Os assuntos dos outros Estados são cobertos sem regularidade, e alguns
Estados nordestinos são praticamente ignorados.
Exemplos: no período, somadas as edições SP e nacional, foram publicadas 921 reportagens
sobre o Estado de São Paulo e
472 sobre o Estado do Rio. Depois, vêm Paraná (154), Minas
Gerais (141) e Rio Grande do Sul
(129). Rondônia (97) e Roraima
(81) ainda têm uma boa cobertura por conta dos conflitos indígenas e dos escândalos políticos.
Mas Rio Grande do Norte (11),
Paraíba (8) e Sergipe (8) não são
cobertos.
Algumas curiosidades: os clubes de futebol mais noticiados,
sem os números de dezembro do
final do Campeonato Brasileiro,
são São Paulo (741), Corinthians
(712), Palmeiras (663) e Santos
(621); a Ilustrada publica mais
reportagens sobre lançamentos
de livros (432) que de CDs (350)
ou filmes (296); em Mundo, o
terrorismo foi o assunto que teve
mais atenção (1.146); e alguns
assuntos quase não foram tratados pelo jornal, como desmatamento (43) ou racismo (56).
Há um outro indicador do interesse editorial do jornal, que
são os artigos publicados na página A3 ("Tendências/Debates"). Foram editados neste ano,
segundo a Coordenação de Artigos e Eventos, 721 artigos. Quase
25% deles discutiu o governo Lula e o PT: 103 (14%) contra e 71
(10%) a favor. Há um desequilíbrio, também, na discussão sobre a política econômica: 54 artigos contrários (7%) e 22 favoráveis (3%). E o articulista mais
freqüente é um crítico da administração PT, Jorge Bornhausen,
presidente do PFL, com 15 artigos publicados.
Os erros cometidos
Ao longo de 2004 o jornal reconheceu e corrigiu 1.130 erros de
informação na seção "Erramos"
(página A3). Em 2003 foram publicadas 1.125 correções.
A Folha não é, seguramente, o
jornal que mais comete erros,
mas é o que mais os reconhece
publicamente, o que é um mérito. Neste ano, além das correções
publicadas na página A3, o jornal em duas ocasiões fez reportagens em que reconhecia que cometera erros importantes na sua
primeira página: em 18 de junho
("Dados sobre escravidão de
crianças estava errado") e 21 de
setembro ("Folha publicou dados errados sobre publicidade").
O problema do jornal é o tempo que leva para fazer a correção, uma média de oito dias. Em
algumas editorias, como Dinheiro, a média do ano foi de
dez dias entre a publicação de
um erro e sua correção.
Os interesses dos leitores
E o leitor, está satisfeito com a
Folha? O que escreve para o ombudsman, raramente. Um pouco
mais da metade (2.987) das
mensagens recebidas neste ano
(5.881) continham críticas ao
jornal, principalmente relativas
à cobertura das eleições municipais em São Paulo (330).
Pouquíssimos escreveram ou
ligaram para elogiar (227), o que
é normal porque o ombudsman
é um canal de defesa para os leitores que se sentem prejudicados
ou frustrados. Mesmo assim, 665
enviaram sugestões e 407 apontaram erros que tinham como
objetivo melhorar o jornal.
O outro canal de participação
do leitor é a seção de cartas. Neste ano, o "Painel do Leitor" recebeu 31.455 correspondências e só
teve espaço para publicar 2.885,
menos de 10%. Há muita reclamação por parte dos leitores.
Eles acham, e o ombudsman
concorda, que a Folha deveria
destinar mais espaço para os
seus comentários e suas opiniões.
É um caminho para aproximar
mais o jornal dos que lhe dão
sustentação.
Índice
Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman,
ou pelo fax (011) 224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
|