São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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Ainda a reforma gráfica

As mensagens de leitores com críticas ao novo projeto gráfico da Folha continuaram ao longo da semana. Recebi mais 59 reclamações. Muitas ainda trataram dos pontos que abordei na coluna de domingo passado -perda de espaço de texto, diminuição das letras e corte de ilustrações.
Ainda não estou convencido de que a perda de espaço jornalístico tenha sido a anunciada pela Redação. A informação que recebi na semana passada e publiquei foi a de que a troca de fontes (da Minion para a Chronicle) implicou uma perda de "menos de 1%" e de que as colunas não perderam nada ou tiveram cortes entre 10% e 20%.
A impressão que tenho, no entanto, a partir das minhas observações e dos depoimentos que ouço, é de que houve um corte grande no espaço noticioso. Com o tempo essas perdas ficarão mais claras, imagino.
Há um outro aspecto da reforma que não tive condições de abordar na coluna de domingo passado -por falta de espaço: muitos leitores escreveram para dizer que achavam que o jornal tinha ficado parecido com o seu principal concorrente, "O Estado de S. Paulo", e com outros jornais que conhecem.
A minha primeira impressão ao ver a edição do dia 21 também foi de que a capa do jornal estava mais parecida com a do "Estado". Mas, com o correr da semana, fui perdendo essa sensação. Vários leitores, no entanto, continuaram a encontrar semelhanças e a lamentá-las por entender que o jornal perdia personalidade.
Encaminhei a questão para a Redação e recebi a seguinte resposta: "O projeto teve preocupações de conteúdo e visuais. Na parte de conteúdo, ele ajuda o jornal a se diferenciar ainda mais da concorrência, com novas ferramentas de análise e didatismo que enfatizam os princípios do jornalismo da Folha: apartidarismo, pluralismo e espírito crítico.
No parte visual, há dois pontos a serem analisados. Tipograficamente, a Folha foi na contramão da política adotada pela concorrência. Um exemplo são os títulos. Em vez de utilizar fontes mais estridentes e escuras para o noticiário principal, como todos têm feito, a Folha rebaixou-as, deixou-as mais leves. Já alguns elementos novos, como o navegador na Primeira Página e na capa dos cadernos, de fato hoje são utilizados por quase todos os grandes jornais do mundo".
Aí estão as razões da Folha. A experiência mostra que rapidamente esquecemos os projetos gráficos substituídos e nos adaptamos aos novos. O que importará, de fato, é observar se realmente as mudanças contribuirão ou não para melhorar a qualidade do conteúdo do jornal. Como vários leitores preocupados com os excessos gráficos alertaram, é para isso que precisamos estar atentos.



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