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Ainda a reforma gráfica
As mensagens de leitores
com críticas ao novo projeto
gráfico da Folha continuaram
ao longo da semana. Recebi
mais 59 reclamações. Muitas
ainda trataram dos pontos
que abordei na coluna de domingo passado -perda de espaço de texto, diminuição das
letras e corte de ilustrações.
Ainda não estou convencido
de que a perda de espaço jornalístico tenha sido a anunciada pela Redação. A informação que recebi na semana passada e publiquei foi a de que a
troca de fontes (da Minion para a Chronicle) implicou uma
perda de "menos de 1%" e de
que as colunas não perderam
nada ou tiveram cortes entre
10% e 20%.
A impressão que tenho, no
entanto, a partir das minhas
observações e dos depoimentos que ouço, é de que houve
um corte grande no espaço
noticioso. Com o tempo essas
perdas ficarão mais claras,
imagino.
Há um outro aspecto da reforma que não tive condições
de abordar na coluna de domingo passado -por falta de
espaço: muitos leitores escreveram para dizer que achavam
que o jornal tinha ficado parecido com o seu principal concorrente, "O Estado de S. Paulo", e com outros jornais que
conhecem.
A minha primeira impressão ao ver a edição do dia 21
também foi de que a capa do
jornal estava mais parecida
com a do "Estado". Mas, com o
correr da semana, fui perdendo essa sensação. Vários leitores, no entanto, continuaram
a encontrar semelhanças e a
lamentá-las por entender que
o jornal perdia personalidade.
Encaminhei a questão para
a Redação e recebi a seguinte
resposta: "O projeto teve
preocupações de conteúdo e
visuais. Na parte de conteúdo,
ele ajuda o jornal a se diferenciar ainda mais da concorrência, com novas ferramentas de
análise e didatismo que enfatizam os princípios do jornalismo da Folha: apartidarismo, pluralismo e espírito crítico.
No parte visual, há dois
pontos a serem analisados. Tipograficamente, a Folha foi
na contramão da política adotada pela concorrência. Um
exemplo são os títulos. Em vez
de utilizar fontes mais estridentes e escuras para o noticiário principal, como todos
têm feito, a Folha rebaixou-as, deixou-as mais leves. Já alguns elementos novos, como o
navegador na Primeira Página e na capa dos cadernos, de
fato hoje são utilizados por
quase todos os grandes jornais
do mundo".
Aí estão as razões da Folha.
A experiência mostra que rapidamente esquecemos os
projetos gráficos substituídos
e nos adaptamos aos novos. O
que importará, de fato, é observar se realmente as mudanças contribuirão ou não
para melhorar a qualidade do
conteúdo do jornal. Como vários leitores preocupados com
os excessos gráficos alertaram, é para isso que precisamos estar atentos.
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