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"E se as crianças perguntarem? O que respondo?"
Uma das vantagens usufruídas pela Folha da instituição
do ombudsman são as muitas
sugestões de pauta que a Redação recebe de leitores.
Surpreende que às vezes relute em aceitá-las. Em 23 de setembro, recebi de José Antonio
Pessoa de Mello Oliveira idéias
excelentes sobre perguntas
mal, pouco ou não respondidas
pelo jornal sobre a crise econômica americana.
Questões aparentemente
simples, mas de difícil apuração. Como: "O que acontece
com os mutuários inadimplentes com suas hipotecas? Saíram
dos imóveis? Estão morando
onde? Não ouvi coisa alguma
sobre legiões de sem-teto vagando pelos Estados Unidos. E
os imóveis retomados? Estão
vazios? Serão ofertados ao
mercado? Qual o efeito de uma
oferta maciça no mercado imobiliário? Com certeza implodiria os preços. Ou nada disso está acontecendo? O cidadão não
paga, continua no imóvel e o
governo paga a conta? Também não consegui descobrir se
o governo americano quer
comprar os títulos "podres"
com recursos do Orçamento ou
se simplesmente vai ligar a impressora de dólares."
Passei as perguntas à editoria Dinheiro no mesmo dia. Eu
também não tinha visto no jornal o que o leitor procurava e
acho que seria útil para todos
ter essas respostas agrupadas
num só texto ou, de preferência, num só gráfico.
Até sexta, embora o jornal
esteja com quatro jornalistas
nos EUA, o leitor continuava
sem saber o que indagou.
Pedi explicações aos editores. Eles me disseram que "algumas das respostas foram dadas ao longo das edições e duas
não conseguimos responder:
onde as pessoas despejadas estão morando e o que aconteceu
com os imóveis arrestados".
Deveriam tentar mais e voltar a publicar, consolidadas, as
respostas que dizem já ter respondido. Afinal, como argumenta José Antonio: "E se as
crianças me perguntarem? E
aí, o que eu respondo?".
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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
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