São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007 |
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Padre Júlio, megafone e cochichos
Acima da dobra da primeira página da sua edição mais nobre, a dominical, a Folha estampou em 28 de outubro o título "Ex-interno diz que fazia sexo por dinheiro com padre". Em Brasil, emendou: "Ex-interno afirma que fazia sexo com padre Júlio". No dia 29 passado, o jornal informou sem alarde, longe da capa, em rodapé de Cotidiano: "Detento recua e nega relação íntima com padre". Ao contrário do que pensaram alguns leitores que me procuraram, o ex-interno da primeira notícia, Anderson Batista, não é o detento da segunda, Marcos José de Lima. Mesmo assim, pareceu desigual a abordagem dos fatos: quando um depoente fez declaração ruim para Lancelotti, o jornal noticiou com megafone; quando outro fez uma boa, informou-se com cochichos. A cobertura é legítima e aborda questões de interesse público, como suposta extorsão, suposto uso de verbas oficiais e suposta prática de pedofilia. O padre não foi nem indiciado, nem acusado e muito menos condenado. A Folha deveria resgatar o equilíbrio. A Redação comentou: "Os casos são diferentes. O primeiro, de 28 de outubro, trata do ex-interno da Febem que foi acusado pelo padre de tentativa de extorsão. Foi publicado na primeira página, da mesma forma que as acusações do padre Júlio tinham sido publicadas. O segundo caso, de novembro, é um outro acusador, cujas denúncias nunca receberam destaque na Folha -nem na primeira página nem em Cotidiano. Por isso, quando ele recuou, suas declarações também não foram editadas com destaque". Texto Anterior: Seu Barriga assombra o jornalismo Índice Mário Magalhães é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2007. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
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