São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2008

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Vocês querem bacalhau?

O leitor Wilson Marques me questionou por não ter incluído na coluna anterior opiniões de leitores sobre a cinqüentona Ilustrada. Respondi-lhe que nestes sete meses como ombudsman praticamente não recebi cartas sobre o suplemento cultural da Folha.
Wilson questionou se o silêncio se deve à satisfação com o produto ou à apatia em relação a ele. Não tenho como responder com segurança, mas suspeito que seja mais por apatia do que por satisfação.
Um debate sobre a Ilustrada, publicado anteontem, foi dominado por lembranças de como ela era comentada nos anos 1980, e não é mais.
O próprio livro oficial comemorativo dos 50 anos transpira saudosismo. Já no segundo parágrafo da apresentação, cita o diretor de teatro Gerald Thomas: "A Ilustrada foi a internet da década de 80".
Pedi no domingo passado a ex-editores que respondessem o que se deve fazer para melhorar. A manifestação do atual editor pode ser indício de uma das causas do problema.
Marcos Augusto Gonçalves diz que ser ator relevante no debate cultural do país lhe parece "um pleito nostálgico". Discordo. Para mim, esta é uma necessidade sempre atual.
Minha impressão é a de que o caderno vem se tornando um guia de consumo e encara a cultura como simples mercadoria. Por isso, não suscita controvérsia, não anima polêmica, não ajuda a pensar.
No debate, Marcos sugeriu que o leitor cidadão virou o leitor consumista. Pode ser. Mas a função do jornal é dar ao leitor apenas o que ele pensa que quer? Creio que não. Claro que precisa satisfazê-lo, mas também deve desafiá-lo. Talvez seja o que falte.


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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Carlos Eduardo Lins da Silva/ombudsman, ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
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