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Vocês querem bacalhau?
O leitor Wilson Marques me
questionou por não ter incluído
na coluna anterior opiniões de
leitores sobre a cinqüentona
Ilustrada. Respondi-lhe que
nestes sete meses como ombudsman praticamente não recebi cartas sobre o suplemento
cultural da Folha.
Wilson questionou se o silêncio se deve à satisfação com
o produto ou à apatia em relação a ele. Não tenho como responder com segurança, mas
suspeito que seja mais por apatia do que por satisfação.
Um debate sobre a Ilustrada, publicado anteontem, foi
dominado por lembranças de
como ela era comentada nos
anos 1980, e não é mais.
O próprio livro oficial comemorativo dos 50 anos transpira
saudosismo. Já no segundo parágrafo da apresentação, cita o
diretor de teatro Gerald Thomas: "A Ilustrada foi a internet da década de 80".
Pedi no domingo passado a
ex-editores que respondessem
o que se deve fazer para melhorar. A manifestação do atual
editor pode ser indício de uma
das causas do problema.
Marcos Augusto Gonçalves
diz que ser ator relevante no
debate cultural do país lhe parece "um pleito nostálgico".
Discordo. Para mim, esta é
uma necessidade sempre atual.
Minha impressão é a de que
o caderno vem se tornando um
guia de consumo e encara a cultura como simples mercadoria.
Por isso, não suscita controvérsia, não anima polêmica, não
ajuda a pensar.
No debate, Marcos sugeriu
que o leitor cidadão virou o leitor consumista. Pode ser. Mas
a função do jornal é dar ao leitor apenas o que ele pensa que
quer? Creio que não. Claro que
precisa satisfazê-lo, mas também deve desafiá-lo. Talvez seja o que falte.
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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
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