São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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ENTREVISTA

"Pior é a censura"

A capa da revista "IstoÉ" desta semana tem a ver com a discussão sobre o trabalho jornalístico. Segundo a revista, a cassação do mandato do ex-presidente da Câmara dos Deputados Ibsen Pinheiro, em 1994, originou-se de um erro jornalístico. Uma reportagem na revista "Veja", em 1993, informava que o então deputado havia movimentado em suas contas bancárias cerca de US$ 1 milhão, quantia incompatível com seus rendimentos, o que levantou a suspeita de corrupção. Mas o cálculo estava errado: ele movimentara apenas US$ 1.000. O responsável pelo erro, Luís Costa Pinto, reconheceu-o publicamente agora, passada uma década.
A "IstoÉ" publica uma entrevista com Ibsen e pergunta: "O sr. foi vítima de erro jornalístico. O trabalho da imprensa deve ser limitado?"
Reproduzo um trecho de sua resposta: "O que mais me impressionou foi ter havido, antes da publicação, a percepção do erro e ter havido a persistência na informação inverídica. Mas fui jornalista quase toda a minha vida e acredito na liberdade de imprensa. Se a imprensa comete desvios de conduta, só a liberdade de imprensa é capaz de corrigi-los. Pior que o denuncismo é a censura. O denuncismo tem cura, a verdade aparece. Na imprensa censurada, o denuncismo é eterno. Os vícios que a imprensa pratica podem decorrer da liberdade de imprensa, mas não tenho dúvida que os vícios mais graves decorrem da censura".



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