São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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Arquive-se; reabra-se

O Supremo Tribunal Federal arquivou quarta-feira o inquérito sobre a participação do deputado federal Augusto Farias (PPB-AL) nas mortes de seu irmão, Paulo César Farias, e da namorada deste, Suzana Marcolino, em 1996.
A decisão foi adotada a partir de um parecer de Geraldo Brindeiro, procurador-geral da República, segundo o qual, conforme a conclusão primeira da polícia alagoana, PC foi assassinado por Marcolino, que, em seguida, cometeu suicídio.
O arquivamento beneficia Farias, que fracassou na tentativa de se reeleger em outubro e que, por isso, perderia o direito de ser julgado em foro privilegiado (STF), e o médico-legista Fortunato Badan Palhares, autor do laudo inicial das mortes, posteriormente acusado de falsa perícia.
Segundo a Folha, Brindeiro se baseou em "esclarecimentos técnicos" de Palhares e em perícia que descartou ter havido no patrimônio do legista um aumento incompatível com a sua renda.
O noticiário da semana, porém, deixou no ar dúvidas relevantes.
Por que Brindeiro só emitiu seu parecer agora, justamente no intervalo entre as eleições e o fim do mandato de Farias?
Quais foram os "esclarecimentos técnicos" de Palhares que fizeram o procurador-geral mudar de idéia e inocentaram o legista da acusação de falsa perícia?
O que concluiu, exatamente, a apuração policial sobre a evolução patrimonial do médico?
As respostas a essas interrogações -e outras que possam surgir- dizem respeito, diretamente, às implicações e consequências da afirmação da inocência de Farias e de Palhares que a decisão do STF significa.
Particularmente em relação à atuação do legista, cuja imagem foi fortemente abalada ao longo desses anos, cabe procurar, e expor, total elucidação.
O "caso PC" é caro para a imprensa e especialmente para a Folha -cujas reportagens, em março de 1999, ao revelar erro sobre a altura de Marcolino no laudo de Palhares, levaram à retomada das investigações policiais.
Talvez próximo do fim na Justiça, ele parece agora reabrir-se -lançando novos desafios- para o jornalismo investigativo.



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