São Paulo, domingo, 19 de julho de 2009

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Favela não é caso de polícia

Há assuntos policiais que são episódicos: ocorrem, viram notícia por qualquer razão e acabam. E há os que decorrem de situações estruturais (sociais, urbanísticas, econômicas) e vão se repetir com gravidade e abrangência crescentes enquanto elas perdurarem.
Um jornal popular pode concentrar seus esforços naqueles. Um jornal de referência deve tratar pelo menos prioritariamente destes.
Nesta semana, a Folha esteve cheia de casos policiais episódicos (menina cai de prédio, mulher de boxeador é presa, ventania deixa desaparecidos, ossos roubados, Mercedes furtada é abandonada).
Na segunda e na quarta, tratou de casos "estruturais", que envolviam duas favelas de São Paulo. Mas quase como se fossem dos outros. Não é assim que devem ser as coisas.
As favelas nas grandes cidades brasileiras precisam ser examinadas a fundo para que mudem e melhorem. Não podem mais ser tratadas pelo jornal como "caso de polícia".
O jornalismo tem obrigações sociais e políticas das quais não pode abrir mão. Se mais não fosse, por mero interesse próprio. É do cumprimento dessas responsabilidades que depende a sua sobrevivência.


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