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"Traficantes" de foto são atores de filme
Na edição de terça-feira, o
"Jornal do Brasil" publicou na
primeira página uma chamada
com o título "Tráfico exibe poder de fogo pelo Orkut".
Acima, estampou uma foto
de jovens armados, com a legenda "Doze traficantes com
armas e coletes à prova de balas. Entre eles, uma mulher".
A reportagem da página A12
acrescentava mais informações obtidas na rede de relacionamentos da internet: "Um
outro perfil, de uma pessoa
não identificada, exibe a foto
que simboliza a ousadia dos
traficantes no Orkut. Doze jovens armados de fuzis, metralhadoras e pistolas se exibem
para a câmara no alto de um
morro. Até uma mulher aparece no grupo".
Foi "barriga", o que o "Manual da Redação" da Folha define como "publicação de grave erro de informação".
Os "traficantes" eram, na
verdade, atores fotografados
na filmagem de um longa ainda inédito.
Infelicidades como essa
compõem a história de toda
empreitada jornalística e de
todo jornalista. Quem nunca
deu vexame que ouse atirar a
primeira pedra.
A maior surpresa, contudo,
o "JB" guardou para o dia seguinte, quando titulou na capa
"Atores viram bandidos em
página de apologia ao CV": em
momento algum o jornal reconheceu o seu erro.
Ao noticiar a investigação
policial sobre apologia virtual
ao crime, o diário contou que
os "bandidos" eram artistas,
mas transferiu a cobrança:
"nem a assessoria do grupo
[teatral Nós do Morro] nem os
atores souberam dizer quem
fez a fotografia e como ela foi
parar lá" (no Orkut).
O maior tropeço do "JB"
não foi a falta de checagem sobre foto garimpada na internet, mas não assumir que informou errado.
Conversei com a editora
chefe adjunta do "JB", Ana
Carvalho. Ela afirmou: "Não
escolhemos aleatoriamente
essa fotografia. Fomos induzidos ao erro porque a foto
constava em quatro sites, todos com apologia ao Comando
Vermelho. Não é nem tanto
reconhecer, nem tanto não reconhecer o erro. Acho que
existe uma má vontade grande
com o "Jornal do Brasil", principalmente dos jornalistas".
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