|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tudo que é sólido se desmancha no fim
Na campanha eleitoral paulistana do primeiro turno de
2008, a Folha fez um bom trabalho. A série DNA Paulistano
e as reportagens semanais sobre as propostas para as mais
relevantes políticas públicas
municipais dos cinco principais candidatos deram ao leitor informação sólida para
ajudá-lo a definir sua escolha.
O tratamento aos três primeiros colocados nas pesquisas foi razoavelmente justo. O
tom crítico prevaleceu em relação às propostas dos três.
Ocorreram exageros e injustiças, que apontei na coluna de
5 de outubro, mas nenhum extremamente grave.
É uma lástima que todo esse
esforço e seus resultados se
tenham desmanchado no segundo turno. O debate sobre
políticas públicas e projetos
de governo se esvaiu no
amontoado de textos sobre
denúncias e insinuações trocadas entre os candidatos.
O equilíbrio editorial dissipou-se. O jornal tendeu claramente para Kassab. Nem tanto pelas reportagens. Eu contei 10 matérias negativas sobre ele e 14 sobre Marta; 11 positivas para ele e 5 para ela.
Mas colunas e artigos fizeram toda diferença. Anotei 13
textos opinativos com críticas
a Marta e nenhum contra
Kassab. No cômputo final,
Kassab foi favorecido.
Não que isso possa ter grande influência sobre o resultado das urnas hoje. A pesquisa
acadêmica comprova que jornais têm poder bastante reduzido de determinar o voto do
cidadão. Mas eles precisam se
manter fiéis a seu compromisso de buscar máxima isenção,
apartidarismo, equanimidade.
Ainda pior foi a impressão
que as edições da última semana passaram, pelo menos
para este leitor: a de que o jornal já tratava o pleito como
episódio superado, decidido.
Pelo pouco espaço que dedicou, a ausência de criatividade
nas pautas e de empenho na
execução do trabalho, pelo
quase automatismo editorial.
Pena que um início tão auspicioso tenha redundado num
final desanimador.
Texto Anterior: Quem se lembra do caso Isabella? Próximo Texto: Para ler Índice
Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Carlos Eduardo Lins da Silva/ombudsman,
ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue 0800 0159000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
|