São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2008

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CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA - ombudsman@uol.com.br

Ave Jano! 12 desejos para 2009


Com base no julgamento que leitores fizeram do desempenho da Folha em 2008, o jornal deveria adotar 12 resoluções para melhorar em 2009

FIM E INÍCIO de ano são momentos historicamente ideais para avaliações do passado e compromissos para o futuro. O patrono mitológico desse processo é o deus romano Jano, que tem uma face voltada para trás e outra para frente e, assim, conhece o que aconteceu e prevê o que acontecerá. Com base no julgamento que leitores fizeram do desempenho do jornal em 2008, aqui vão 12 resoluções que ele deveria adotar para melhorar em 2009.

 

1
PAINEL DO LEITOR
Que a seção seja inteiramente e sempre do leitor comum, não de personagens da notícia, personalidades ou de quem exige direito de resposta, que devem ter seu espaço no noticiário ou em seção nova, criada para eles.

2
FORA DO EIXO
Que os leitores residentes fora do eixo Grande São Paulo-Rio-Distrito Federal recebam o mesmo jornal que os dessas regiões recebem, com todos os suplementos e os cadernos especiais de interesse nacional que o compõem.

3
RESPOSTAS AO LEITOR
Que todos os jornalistas, colunistas, articulistas respondam com presteza e civilidade às manifestações recebidas dos leitores, que são a justificativa para o espaço que têm no jornal e o pagamento que recebem dele.

4
GRAMPOS
Que o jornal seja muito mais cuidadoso do que tem sido na divulgação de grampos e vazamentos, não reproduza acriticamente o que sua própria equipe não apurou, revele ao leitor o interesse de quem fornece a informação ainda que o mantenha anônimo. E que, quando um caso dá em nada, como parece ter sido o do suposto grampo de Gilmar Mendes pela Abin, noticie o desenlace com ênfase comparável à dada às acusações. Neste caso, a revelação das suspeitas rendeu cinco manchetes de capa e dezenas de páginas; seu epílogo, duas notas curtas em página interna.

5
PREVENÇÃO
Que se exerça mais o jornalismo preventivo, com o acompanhamento sistemático de políticas públicas, debate aprofundado e antecipado de matérias em tramitação nos Legislativos, cobrança metódica das autoridades públicas sobre seus planos, medidas e ações no sentido de amenizar efeitos de problemas previsíveis, como inundações e dificuldades de tráfego urbano, interurbano ou aéreo.

6
CELEBRIDADES
Que se exerça mais moderação no tratamento de celebridades, não se exagere no espaço e destaque dado a elas em fotos e textos, como se fez com Michael Phelps e Carla Bruni, entre outros, este ano (na terça passada, saíram cinco fotos dela em quatro páginas de Brasil, por exemplo). E que personalidades em exercício de funções públicas não sejam transformadas em estrelas pop, como o jornal esteve perto de fazer com o presidente do STF, Gilmar Mendes, ao longo de 2008.

7
DNA DA EDUCAÇÃO
Que a Folha demonstre seu comprometimento com a causa da melhoria da educação no país com um projeto que diagnostique a situação do ensino público no Brasil com a mesma qualidade da série "DNA Paulistano", o melhor produto que ela ofereceu ao público este ano.

8
NÚMEROS
Que o leitor não se sinta afogado em números quando ler textos e gráficos que tratam de cifras e valores muito além dos de sua rotina; que todas as grandes quantias sejam sempre acompanhadas de comparações que lhes dê sentido e proporção para a compreensão do cidadão comum.

9
EDIÇÃO ELETRÔNICA
Que as prometidas melhoras da Folha Online venham logo e ofereçam ao leitor pelo menos todos os gráficos e ilustrações que aparecem na edição impressa.

10
ANÚNCIOS
Que a Redação seja capaz de resistir aos impulsos criativos de publicitários e consiga impedir a interferência de anúncios sobre a legibilidade do material jornalístico e sobre o conforto do leitor com o texto.

11
PREVISIBILIDADE
Que o jornal se recuse a repetir imagens, notícias, informações que o leitor já se cansou de ver e ouvir nos meios eletrônicos na véspera; que seja mais criativo, inovador, ousado para surpreender o leitor quando este o abrir diariamente.

12
PORTUGUÊS
Que, apesar da reforma ortográfica a ser implantada em 2009, a Redação seja capaz de fazer diminuir a quantidade de erros gramaticais que ainda infestam o jornal e irritam o leitor.


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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Carlos Eduardo Lins da Silva/ombudsman, ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
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