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COMBATER SINTOMAS NÃO BASTA
O extraordinário "Caráter" (Oscar de melhor filme estrangeiro de
1998) mostra a maneira como se
efetuavam despejos de famílias pobres na cidade holandesa de Roterdã nos anos 1920. O personagem
Dreverhaven não hesita em carregar de sua casa uma senhora moribunda e jogá-la na rua e no frio para
cumprir a lei.
Na terça-feira, com foto dramaticamente bela na primeira página,
este jornal mostrou que, passados
quase cem anos, na cidade brasileira de São Paulo os métodos de despejo não mudaram muito.
O registro da violência do despejo
foi benfeito. Mas, depois de curta
nota na quarta sobre permanência
de muitos dos 2.000 despejados no
"entorno" da favela e de notícia sobre bebê sequestrado no sábado, o
jornal não tratou mais do assunto.
Os desabrigados já estão acomodados? Não há outras histórias pessoais relevantes a serem contadas
ao leitor? Nada a ser dito sobre o
problema do deficit habitacional de
São Paulo?
Este é mais um caso decorrente
de enfermidades sociais graves, tratado como se fosse episódio isolado.
Ninguém combate doenças sérias
lidando apenas com os sintomas.
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