Índice geral Opinião
Opinião
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Mau momento

Tudo piorou na cidade de São Paulo nos últimos anos. Pelo menos, esta é a impressão de seus habitantes, registrada em pesquisa do Datafolha.

Em março de 2008, os paulistanos davam nota 7,2 às condições de moradia na cidade. A avaliação, agora, baixou para 6,2. O asfaltamento das ruas passou de 6,2 para 5,9. As opções para uso de transportes coletivos, que obtinham a surpreendente nota de 6,7 há pouco mais de três anos, perderam 0,7 ponto percentual na nova enquete.

Ações contra enchentes, atividades para idosos, coleta de lixo, quantidade de hospitais públicos e particulares -não houve aspecto em que a avaliação dos habitantes se tenha tornado mais favorável.

Também vai mal a popularidade do prefeito Gilberto Kassab. Contava com 61% de "ótimo" e "bom" em 2008; apenas 20% dos entrevistados mantêm, atualmente, a mesma avaliação.

A um ano do término de seu mandato, o nível de respaldo popular à administração Kassab supera apenas o das gestões de Jânio Quadros e Celso Pitta, numa série histórica que se inicia em 1987.

Seria precipitado, por certo, traçar conclusões definitivas a partir da pesquisa. Aspectos subjetivos prevalecem na avaliação de alguns itens. Não corresponde à realidade, por exemplo, a percepção de que a atual quantidade de escolas públicas ou de áreas para a prática de esportes é menor que em 2008.

Parece refletir-se mais, em casos como esses, um fenômeno de aumento das expectativas e exigências da população, num período de crescimento econômico.

Enquanto isso, a prefeitura tratou de reduzir seus investimentos, de forma preventiva, na medida em que se tornavam mais graves as notícias sobre a crise financeira global em 2008.

Um ciclo de inaugurações -e sua correspondente publicidade nos meios de comunicação- se anuncia para o último ano da gestão Kassab. O termômetro pode, assim, registrar novas surpresas na avaliação do prefeito.

Resta saber qual é o legado político real, a médio e longo prazo, de uma gestão que ostenta alguns pontos inegavelmente positivos -como a Lei Cidade Limpa, medidas pontuais para melhorar o trânsito, a continuidade da Virada Cultural- ao lado de crônicas dificuldades em tornar, pelo planejamento e pela organização do crescimento, minimamente viável o futuro de uma cidade que parece sempre estar a um passo do colapso.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.