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Opinião

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Vinicius Mota

Estelionato eleitoral

SÃO PAULO - A oposição petista acusava o governo Fernando Henrique Cardoso de praticar "estelionato eleitoral" em 1998. Os tucanos mantiveram respirando por aparelhos o moribundo regime de câmbio fixo, e a ilusão de que o real era tão forte quanto o dólar, até a reeleição ser assegurada.

Veio logo a seguir, no início de 1999, o cataclismo da desvalorização e dos remédios recessivos para atacar a moléstia enfim desvelada. Um racionamento de energia de feitio soviético, dois anos depois, ajudou a consumar a impopularidade que marcou o segundo mandato de FHC.

Os petistas tinham razão em 1998 --como certos estão seus rivais que agora acusam a gestão Dilma Rousseff de "estelionato eleitoral", pela maquiagem passageira aplicada em preços nodais da economia. Não se iluda, leitor, sua despesa com gasolina e eletricidade está sendo artificialmente reduzida pelo governo federal.

Como sempre ocorre no mundo sublunar, se uns estão pagando menos, é porque outros estão arcando com parte desse custo. Nos combustíveis, a conta do subsídio fica com a Petrobras, obrigada pelo governo a vender gasolina com prejuízo.

Na energia elétrica, o abatimento oferecido ao consumidor é bancado ou afiançado pelo Tesouro --ou seja, pelo conjunto dos que pagamos tributos. Se os mais pobres no Brasil pagam proporcionalmente mais impostos, eles estão ajudando a financiar o banho quente dos mais ricos.

Preços maquiados dão o sinal errado para todos. No consumidor, estimulam a aquisição de um bem que está na verdade se tornando mais escasso. Inibem também o investimento na ampliação da oferta, pois ninguém com sensatez arrisca dinheiro em operações que dão prejuízo.

Distorções se acumulam em toda parte, mas o governo Dilma tem estoque de aspirina para evitar terapias de choque por mais alguns meses. Prepare-se para 2015, o ano do ajuste das contas.


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