Rui Castro

Mais nomes de família

RIO DE JANEIRO - Outro dia ("Nomes de família", "Opinião", 23/1), ousei discordar de recente mania da imprensa, de se referir a pessoas que têm Filho, Júnior ou Neto no nome como Filho, Júnior ou Neto, como se fossem sobrenomes -"Quando a polícia chegou, Filho já tinha se escondido no galinheiro". Meu amigo, o cavaquinista Henrique Cazes, pesquisador do samba e do choro, gostou e me falou de outras famílias que, a prevalecer aque le padrão, devem deixar algumas redações em apuros.

Uma delas é a família da Viola, composta de Paulinho da Viola e Mano Decio da Viola e engrossada por uma legião de primos da roça, que são os sertanejos da Viola. Se o que vale é o sobrenome, como tratá-los nos jornais? "Encerrado o show, da Viola teve de voltar ao palco 28 vezes".

Assim como a família da Vila, formada por Martinho da Vila, Luiz Carlos da Vila e outros da Vila que vêm por aí. Mas, e se a vila não for a mesma, serão parentes assim mesmo? Martinho, por exemplo, é de Vila Isabel; o inesquecível Luiz Carlos era da Vila da Penha; e sabe-se lá de que vilas virão os próximos.

E a família Sete Cordas? Do patriarca Dino Sete Cordas, saíram Paulão Sete Cordas, Carlinhos Sete Cordas, Cidinho Sete Cordas e uma penca de Sete Cordas que ficam na geladeira. Há tempos, surgiu o enorme Raphael Sete Cordas. Que, pressentindo a onda, preferiu voltar a ser, modestamente... Raphael Rabello.

E a família Bandolim? Vide Jacob, Joel, Isaías, Jane, Ronaldo -todos do Bandolim. E a família da Flauta? Franklin, Manezinho, Paulistinha, Antonio e até o Maionese. E a família do Pandeiro? Russo, Popeye, Pernambuco, Jorginho e, claro, o querido Jackson. Bem, eu também sou de família. Mas, enquanto puder, continuarei me recusando a escrever que "Em 1959, do Pandeiro gravou 'Chiclete com Banana' e...".