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Rogério Gentile

Efeito colateral

SÃO PAULO - Elogiado frequentemente por sua astúcia na articulação política, o ex-presidente Lula pode ter dado um grande passo em falso ao promover o namoro de Fernando Haddad (PT) com o atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Menos pelo burburinho que essa aproximação provocou na militância petista, sempre disposta a ser convencida de qualquer coisa pelo ex-presidente, e mais pela força que deu ao PSDB no árduo trabalho de empurrar José Serra para a eleição municipal.

Serra passou a admitir a possibilidade de concorrer em outubro justamente porque é uma das únicas maneiras de tentar evitar a oficialização da aliança entre Kassab e o PT, o que ampliaria o isolamento do tucanato e acarretaria ao ex-governador de São Paulo um grande constrangimento -o criador que perde sua criatura para o adversário.

E Serra, apesar da enorme rejeição ao seu nome diagnosticada pelo Datafolha no eleitorado paulistano

(33% dizem que não votam nele de jeito nenhum), é um adversário muito mais difícil para o ex-ministro da Educação do que os quatro pré-candidatos inscritos na prévia do PSDB -José Aníbal, Bruno Covas, Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli.

Se o ex-governador de São Paulo entrar realmente na disputa, Haddad terá de conviver com uma dificuldade adicional. Ao afagar publicamente Kassab, que temia virar o grande alvo do horário eleitoral na TV, o PT criou embaraços para o discurso de mudança do seu candidato.

Como ele poderá criticar a mais que criticável administração paulistana depois que o atual prefeito foi recebido na festa de aniversário do PT, na última sexta-feira, de modo triunfal, com direito a close em telão e aplausos efusivos das suas principais lideranças?

Querendo ou não, por conta do estrategista Lula, Haddad terá de pegar mais leve com o companheiro Kassab na campanha.

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