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Paula Cesarino Costa

Nó de informações

RIO DE JANEIRO - Fazia calor e nada se movia. Era um cruzamento no centro do Rio, no ponto em que a avenida Presidente Franklin Roosevelt faz interseção com a avenida Presidente Antônio Carlos e passa a se chamar avenida Presidente Wilson. Dezenas de veículos estão imobilizados. De tão absurda, a cena parecia ser parte de uma performance artística.

Não longe dali, homens de branco estão em uma imensa sala com 80 telas de 46 polegadas que vigiam a cidade. São milhares de informações recebidas, processadas e repassadas para outros órgãos. A cena parecia parte de um filme de ficção científica.

Em tese, o fluxo de informações do centro de operações deveria municiar e direcionar as ações do agente público mais próximo ao problema.

Naquele dia, um solitário funcionário terceirizado da prefeitura podia ser visto no cruzamento, olhando de um lado para o outro. Talvez desejasse dar uma solução ao caos. Não sabia como. Atônito, desapareceu.

Muitos minutos depois, o nó foi desfeito sem ajuda externa, por iniciativa dos motoristas, os principais responsáveis pela situação em que se encontravam, por não obedecerem às regras mais básicas do trânsito -não obstruir cruzamentos, não furar sinal, respeitar pedestres.

"O sistema é um avanço para obter a informação, tratá-la e criar protocolos de atendimento. Mas ainda há problemas de capacitação", diz o secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório. É evidente que a falta de treinamento -ainda pouco prioritário- pode fazer fracassar o investimento milionário.

Com apitos nas bocas e os braços em movimentos repetitivos, os agentes de trânsito ardem sob o sol a ponto de parecerem foliões perdidos de um bloco de Carnaval. Contra eles, uma multidão de motoristas pouco educados fazem com suas buzinas uma interpretação horrenda da marchinha "ó abre alas, que eu quero passar".

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