Índice geral Opinião
Opinião
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Mais do mesmo

Pacote de Dilma e Mantega para estimular indústria só amplia medidas conhecidas; alívio, porém, não basta para revitalizar a manufatura

Ao relançar o programa de estímulo à indústria Brasil Maior, o governo federal tentou impressionar os mais de 600 empresários e políticos presentes com extensa coletânea de medidas.

Entre desonerações de impostos, incentivo à exportação, redução de juros a empresas e nova injeção de recursos no BNDES, houve de tudo um pouco -muito pouco.

É louvável o esforço de fazer algo pela indústria. Mesmo assim, o governo não pôde esconder o óbvio: falta-lhe visão estratégica para engendrar um salto de desenvolvimento tecnológico e industrial.

Uma exceção parece ser o novo regime automotivo, que dará incentivos fiscais em troca de contrapartidas mensuráveis de investimento em pesquisa e de aumento do conteúdo nacional até 2017. Depois da estouvada decisão de aumentar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de importados e da revisão improvisada do acordo com o México, parece ter surgido um rumo.

Fora disso, o pacote só oferece mais do mesmo.

A acertada desoneração da folha de pagamento -troca da contribuição patronal de 20% por uma taxa sobre o faturamento- foi ampliada para 15 setores. Implicará renúncia fiscal de R$ 7,2 bilhões ao ano, a ser compensada em parte por aumento no IPI de bebidas.

Originalmente concebida para empresas com alto uso de mão de obra, como a de móveis e a têxtil, a ampliação traz agora um ganho também para exportadores, pois as vendas externas não entrarão no cálculo do faturamento. A alíquota irá de 1% a 2,5%.

Melhor, contudo, seria uma desoneração geral, e não só para alguns setores. O governo parece temer uma ação incisiva na matéria, que demandaria cortes em seus próprios e excessivos gastos.

É positivo também o aumento dos recursos do Proex (Programa de Financiamento à Exportação) para R$ 3,1 bilhões. Mas é incerto que o dinheiro novo e mais uma promessa de desburocratização resultem em aumento efetivo das vendas externas. A ver.

Do lado do crédito, o BNDES terá o caixa reforçado em R$ 45 bilhões, e haverá outra rodada de redução dos juros para investimentos. Só que o BNDES já recebeu mais de R$ 257 bilhões desde 2008, com efeitos pouco visíveis sobre a taxa de investimento da economia.

Não se trata, pois, apenas de aumentar a oferta de dinheiro. O problema é que muitas empresas não se arriscam a tomar empréstimos no ambiente econômico atual.

A despeito de algumas iniciativas bem-vindas, Dilma Rousseff e Guido Mantega se aferram a medidas emergenciais, desconectadas de uma visão para a base industrial do país em cinco ou dez anos.

O alívio, se vier, será pontual e não reverterá a lenta agonia em que definha boa parte da indústria.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.