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Ersin Erçin

Alegações armênias: distorcendo a verdade

O Império Otomano enfrentou ações subversivas internas. Facções armênias se aliaram aos russos. A tragédia que se seguiu não foi um genocídio

Os trágicos eventos de 1915 continuam sendo distorcidos por grupos nacionalistas da diáspora armênia. Tentam impor uma memória unilateral, baseada em meias verdades, preconceitos e documentos falsificados.

Turcos e armênios conviveram pacificamente por mais de 800 anos. É necessário evitar a leitura seletiva da história e se esforçar para analisar, objetivamente, o que realmente ocorreu em 1915.

As complexas circunstâncias, às vésperas e durante 1915, precisam ser bem compreendidas. O início da Primeira Guerra Mundial, acompanhado pela contínua desintegração do Império Otomano, impôs severas dificuldades a todos os seus indivíduos, incluindo turcos, curdos, judeus e armênios.

O império lutou não apenas contra invasores, mas também contra atividades subversivas internas. Algumas facções armênias se aliaram às forças russas e realizaram revoltas na Anatólia Oriental (região da Turquia), levando ao assassinato de incontáveis civis.

Diante de tal ameaça interna em tempos de guerra, o governo foi forçado a realocar parte da população armênia para longe da zona de guerra, enquanto vários outros armênios continuaram suas vidas em outras partes do império.

Os registros otomanos demonstram claramente que o governo deu ordens para garantir a segurança das pessoas que estavam sendo realocadas. Entretanto, sob condições de guerra exacerbadas por conflitos internos, banditismo, fome, epidemias e por um aparato de Estado decadente, todos esses fatores juntos culminaram em uma tragédia.

Ninguém nega o sofrimento dos armênios. O que é inadmissível à consciência comum é a apresentação unilateral de tal tragédia como "genocídio". Pesquisas acadêmicas realizadas por renomados estudiosos provam a inexistência de intenções ou ordens do governo para destruir a população armênia.

A diáspora armênia tenta fundamentar as suas alegações fazendo referência a publicações tendenciosas e distorcidas. Essas fontes são parte de uma campanha de propaganda de guerra realizada por inimigos do Império Otomano, a fim de denegrir a sua imagem e justificar as suas ambições imperiais e reivindicações territoriais.

As alegações infundadas de genocídio se tornaram um instrumento político. Os fóruns de debate para questões historicamente controversas não são os parlamentos. A anulação do projeto de lei no Conselho Constitucional da França, entre outros, mostra a importância da prevenção contra a politização da história em decorrência de políticas internas.

A propagando política armênia deve ser substituída por um debate acadêmico legítimo. É crucial que seja permitida uma pesquisa imparcial dos registros e arquivos históricos. Os registros otomanos estão completamente abertos a todos os pesquisadores.

A campanha de ódio de alguns grupos armênios para monopolizar a verdade e impor suas versões dos eventos de 1915 também prejudica o processo de normalização entre Turquia e Armênia. Devemos prestar o devido respeito às memórias de tantas vidas perdidas, sejam elas armênias ou turcas, buscando a verdade.

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