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FMI turbinado

Fundo recebe reforço para socorrer países como os da Europa; nações emergentes precisam ganhar mais peso na coordenação global

O encontro do FMI (Fundo Monetário Internacional) em Washington obteve resultado acima da expectativa: um compromisso para elevar seus recursos no total de US$ 430 bilhões, aí incluídos os US$ 200 bilhões já anunciados pela zona do euro.

Nações emergentes devem entrar com até US$ 72 bilhões, mas condicionaram o compromisso à reforma do FMI para aumentar suas participações na gestão do órgão. A negociação prossegue até o encontro do G20, em junho.

O aporte se compõe de empréstimos bilaterais de cada país ao FMI, que só serão sacados para socorrer nações em apuros. Com isso, quase dobram as reservas do fundo para salvaguardar a estabilidade financeira global.

O colchão ganha reforço num momento importante. A crise da Europa está longe de terminar, e os fundos de resgate europeus -que se aproximam de € 800 bilhões (US$ 1,05 trilhão)- são considerados insuficientes para, sozinhos, afastar o risco de insolvência de suas maiores economias.

Nas últimas semanas a situação europeia deteriorou-se, com novos aumentos nos juros cobrados de Espanha e Itália para rolarem suas dívidas. O nó, em especial na Espanha, é a fragilidade dos bancos, que permanecem pouco capitalizados no ambiente recessivo. O perigo de calote no setor imobiliário continua a agravar-se, e não se sabe ao certo o tamanho do rombo.

O relatório da estabilidade financeira divulgado pelo FMI no encontro aponta o risco de redução substancial do crédito nos próximos dois anos. Análise dos 58 maiores bancos da Europa indica possível encolhimento nos ativos bancários, no período, de US$ 3,8 trilhões, cerca de 10% do total. Nesse cenário negativo, haveria grave recessão e ficaria inviabilizada a reforma das economias da região.

Os novos recursos do FMI não resolvem problemas, contudo; apenas ajudam a comprar tempo. A receita de austeridade para governos nacionais tem se mostrado insuficiente e já corre o risco de ser rejeitada nas urnas.

A vitória do socialista François Hollande no primeiro turno da eleição francesa, com a bandeira de oposição aos cortes de gastos, indica que a afinidade franco-alemã no tema poderá ser efêmera. Há risco de paralisia decisória.

Quanto ao novo equilíbrio de poder no FMI, é preciso não só ratificar o acordo de 2010 que elevava o peso aos emergentes, mas ousar introduzir reformas ainda mais profundas. A Europa é a principal candidata a reduzir sua participação. Só assim o FMI terá mais legitimidade para reforçar a coordenação econômica e financeira global.

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