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Lidia Brito

TENDÊNCIAS/DEBATES

A Rio+20 caminha para o fracasso?

não

Oportunidade extraordinária

Otimismo e confiança de que é possível assumir um compromisso pela sustentabilidade do planeta são fundamentais nos tempos atuais.

A pouco mais de um mês da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), o mundo todo está em busca de respostas para esse desafio crucial para a humanidade. Aproveitar o espaço de diálogo global é, sem dúvida, uma oportunidade única, que não pode ser perdida.

Por que acreditar no sucesso da Rio+20 é tão importante neste momento? Primeiro, porque existe uma conjugação de forças de todas as partes do mundo em torno de objetivos comuns para se encontrar caminhos mais sustentáveis. Qualquer mudança só ocorrerá se começar pela mente positiva das pessoas e pelo diálogo entre os vários intervenientes no processo de desenvolvimento.

Segundo, e muito importante, porque nós temos de agir rápido. Hoje, o recurso mais escasso no planeta é o tempo.

Só o fato de nós perguntarmos, 20 anos depois da Rio-92, aonde chegamos e para onde queremos ir agora já é muito importante.

Por isso, não devemos encarar esta conferência como um evento isolado. Estamos falando de um processo que teve início duas décadas atrás e que não se encerrará em 2012.

Assim, esperar que um dos resultados palpáveis do encontro seja clarificar os processos de diálogo, de tomada de decisão e de ação necessários para que a humanidade possa ter uma resposta conjunta aos seus desafios é aceitar que a Rio+20 terá sido um sucesso.

O "processo Rio+20" vem surtindo efeitos mesmo antes do evento propriamente dito. Em março, em Londres, durante a Conferência Planet Under Pressure ("Planeta sob Pressão"), cientistas e representantes de governos, do setor privado e da sociedade civil chamaram a atenção sobre pontos importantes que devem influenciar os negociadores que estarão no Rio.

Entre eles, o estado do planeta e os possíveis riscos associados a mudanças a nível planetário, a necessidade de se olhar para o desenvolvimento sustentável integrando as questões econômicas com as sociais e ambientais, sugerindo assim que, por exemplo, se valorize o capital natural, quando se mede o progresso de uma nação, além de outros indicadores como o PIB.

Outro exemplo do otimismo com relação à Rio+20 é o espaço que se cria para organizar outros eventos, como o Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, que será realizado em junho no Rio.

Esse fórum reunirá vários parceiros da Unesco, como o Conselho Internacional para a Ciência (ICSU), a Federação Mundial de Organizações de Engenharia, o Conselho Internacional de Ciências Sociais (ICSS), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e a Academia Brasileira de Ciências.

Esse é mais um passo para o diálogo construtivo entre a comunidade científica, os governos, a sociedade civil e o setor privado, todos eles atores cruciais nas mudanças que se devem operar.

Eu acredito que a participação e a integração de todos em torno da Rio+20 -em especial dos jovens, que estão conectados e fazem parte de uma geração multicultural, sem barreiras linguísticas, culturais ou tecnológicas- é fundamental.

A Rio+20 será um ponto de convergência desses jovens em torno do objetivo comum e global da sustentabilidade, reforçando os valores da generosidade, do respeito pela diversidade e das responsabilidades partilhadas quando se enfrentam desafios tão complexos.

Esse movimento universal da juventude nos ajuda a reforçar ainda mais a visão positiva sobre o futuro.

LIDIA BRITO, 51, é diretora da Divisão de Políticas de Ciências da Unesco e ex-ministra de Educação Superior, Ciência e Tecnologia de Moçambique

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