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Editoriais Emprego paradoxal Nível de ocupação se mantém mesmo com seguidos reveses nas previsões sobre o PIB; retomada no 2º semestre poderá preservar tendência A economia brasileira desacelerou-se substancialmente nos últimos trimestres, e o crescimento esperado para este ano é baixo -1,9%, na última pesquisa do Banco Central. Não obstante, foi tênue até aqui o impacto desse desaquecimento no mercado de trabalho. Há certa desconexão entre os vários indicadores. É certo que houve importante redução na geração de novos empregos formais. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que se criou 1,048 milhão de postos no primeiro semestre, uma redução de 26% em relação ao mesmo período de 2011. Mesmo assim, a taxa de desemprego continuou caindo. Ajustada à sazonalidade (ou seja, à flutuação de vagas característica do mês), a desocupação medida pelo IBGE chegou a 5,4% da população economicamente ativa em maio, contra 6% no mesmo mês de 2011. É a menor taxa da série histórica. A razão para esse fenômeno é o crescimento da ocupação, que, ao contrário do indicado pelo Caged, se acelerou nos últimos meses; a confusão existe porque as métricas do Caged e do IBGE são diferentes. O Caged faz um levantamento censitário, com todas as empresas do país, que são obrigadas a enviar dados de contratações com carteira assinada e desligamentos. O IBGE usa uma pesquisa domiciliar que inclui empregos formais e informais, com abrangência limitada, cobrindo apenas seis regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre). Apesar das diferenças, transparece certa resistência na geração de postos, formais e informais, à desaceleração da economia. Conjetura-se, por exemplo, que a maior participação no PIB do setor de serviços, intensivo em mão de obra, permita manter mais empregos mesmo com crescimento menor. Há mais paradoxos. A produção industrial teve contração de 2% nos 12 meses até maio, ao passo que o emprego na indústria se manteve quase estável nas duas pesquisas. Já a construção civil teve aceleração nas contratações, mesmo com diminuição do ritmo de atividade. Pode ser um fenômeno temporário. Caso a redução na atividade se mostre ainda mais prolongada, é natural que o desemprego comece a aumentar em pouco tempo. Por outro lado, a expectativa atual é de aceleração do PIB no segundo semestre deste ano, para ritmo próximo a 4% em termos anualizados. Seria o resultado das medidas de estímulo dos últimos meses -cortes de juros e desonerações tributárias-, que levaram a estoques industriais menores e estabilização da inadimplência. Caso o prognóstico de retomada se confirme, o mercado de trabalho deve permanecer sólido, com reduções adicionais na taxa de desemprego e manutenção no ritmo de crescimento da renda para 2013. Diante da decepção com o PIB deste ano, já seria uma boa notícia. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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