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Paula Cesarino Costa

País da emoção

RIO DE JANEIRO - De longe, a aparência era de tranquilidade, quase de facilidade. As expressões não revelavam a força exigida.

Arthur Zanetti ganhou o primeiro ouro olímpico brasileiro da ginástica artística. Com o seu desempenho nas argolas, entrou para a história.

Comemorou tranquilamente. A alegria, sem as exigidas lágrimas, deixou ridículos locutores e comentaristas que forjam choro e emoção, que distorcem desempenhos, que se esquecem de que a imagem é mais do que suficiente.

De longe, a impressão era de seriedade e concentração. Os saltos não refletiram o preparo e o passado.

Maurren Maggi não se classificou entre as 12 finalistas. Medalhista de ouro no salto em distância em Pequim-2008, já estava na história.

Tranquila, lamentou. A decepção, sem desculpas inventadas, deixou desconcertados torcedores que exigem explicações, que comemoram a própria previsão do fracasso do país.

A onda, durante a Olimpíada de Londres, tem sido defender a tese de que o Brasil não ganha mais medalhas porque os atletas são desequilibrados emocionalmente.

"O Diego amarelou", "as meninas são descontroladas", " a Fabiana tremeu", "o Cesar foi prepotente"...

Do que é feita uma vitória? Quanto de talento, quanto de preparo, quanto de equilíbrio? Qual quantidade de emoção deve ser suficiente para dar energia, sem levar ao descontrole?

Esporte é ciência, treino, coração, arte e tecnologia. Tudo ao mesmo tempo. Por aqui ainda falta quase tudo: educação, saúde, moradia, investimento e planejamento. Como e por que vamos superar isso?

Os atletas deixarem de chorar, de tristeza ou emoção, e passarem a admitir erros e valorizar cada competição -como tem acontecido- pode ser sinal de maturidade nesse país bronzeado que está muito longe de ser uma potência, mas quase tropeça na prepotência.

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