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Paula Cesarino Costa

Pela cidade, arte

RIO DE JANEIRO - Hora do almoço, meio da semana, no centro da praça da Cinelândia, em frente ao Theatro Municipal. Pessoas entram no "Labirinto de Vidro", do americano Robert Morris. Sozinhas ou em grupo, tentam entender, divertem-se, observadas por quem passa ou para.

Fim de tarde, sábado, por toda a praça Tiradentes. Convidados, turistas e passantes olham e tocam as estruturas cinéticas do brasileiro Raul Mourão. Imensas esculturas de ferro interativas. DJs tocam música. Na segunda-feira, o ritmo da cidade deixa as obras à espera de atenção.

Noite de domingo, orla de Ipanema. Gente do bairro e de longe caminha em direção ao Arpoador. Na praia do Diabo, o japonês Ryoji Ikeda usa a areia como tela para projeções. Jovens entram sob a luz dos refletores, pulam os feixes, brincam. Outros sobem na pedra e observam.

Como a instalação de arte em espaços públicos pode melhorar o local ou alterar a vida das pessoas?

O Rio tem centenas de trabalhos de artistas como Amilcar de Castro, Waltercio Caldas e mestre Valentim espalhados ao ar livre, além de Drummonds e Caymmis, com quem se pode desabafar ou só ficar ao lado.

A arte não é solução para os problemas da cidade (como alerta a pensadora urbana Jane Jacobs, "há uma limitação estética fundamental no que pode ser feito com as cidades: uma cidade não pode ser um obra de arte"), ainda mais de uma metrópole como o Rio, bela e desigual. Mas ajuda na integração do espaço público à vida das pessoas, de maneira a se tornar lugar de encontro.

Vale olhar o "Percent of Art", de Nova York, programa que obriga toda construção pública a destinar 1% de seu orçamento à arte da cidade.

Em metrópoles cada vez mais populosas e sufocantes, obras em áreas públicas podem ser espaços de ócio em que o tempo utilitário é substituído por um tempo lúdico, dando sentido novo ao lugar de sempre.

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