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Incidente explosivo

Desta vez nem a Rússia, principal aliada do ditador Bashar Assad, se posicionou contra uma manifestação do Conselho de Segurança da ONU condenando o ataque, desfechado da Síria, que matou cinco civis turcos na quarta-feira.

No início, os russos recusaram-se a endossar um comunicado que alertava para os riscos à paz internacional trazidos pelo incidente. Após negociações, contudo, concordaram em subscrever uma nova versão, que continha referência apenas ao equilíbrio regional.

Apesar de menos abrangente e de seu caráter protocolar, já que nenhuma medida prática será anunciada, a nota adquire força simbólica por ser uma rara manifestação consensual da cúpula das Nações Unidas contra a Síria.

O texto rechaça o ataque "nos termos mais firmes", considera que houve violação da lei internacional e exige que os abusos cessem imediatamente.

A manifestação é uma tentativa de aplacar possíveis desdobramentos ruinosos do episódio e prevenir o risco de ampliação do conflito. Com efeito, a resposta da Turquia foi imediata. Seu Parlamento autorizou incursões militares no território vizinho e as Forças Armadas atacaram alvos no norte da Síria.

Não é demais lembrar que a Turquia resguarda a fronteira da Otan (aliança militar do Ocidente) com o mundo islâmico, e seu envolvimento numa guerra contra a Síria teria impacto no cenário mundial.

A Turquia tem procurado manter-se distante dos combates ao mesmo tempo em que oferece cobertura e apoio aos rebeldes.

Ontem, novos disparos alcançaram território turco, sem causar vítimas. As escaramuças, aliadas à movimentação de refugiados que cruzam a fronteira, despertam manifestações localizadas a favor de um endurecimento do governo de Ancara.

As autoridades dos dois países, contudo, dão passos para reduzir a perspectiva de uma escalada. O governo da Turquia assevera que não tem planos de guerra, e a Síria endereçou às Nações Unidas um pedido de desculpas.

Os atritos na região fronteiriça, no entanto, prosseguem e expõem o potencial explosivo dessa guerra civil que desafia, de maneira dramática, a diplomacia mundial.

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