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FERNANDO RODRIGUES
Lula e o Congresso
BRASÍLIA - Luiz Inácio Lula da Silva toma posse hoje como presidente do
Brasil. O momento é histórico. Um
operário, um partido de esquerda e
tudo o mais que foi dito e escrito à
náusea nas últimas semanas.
Para os 175,6 milhões de brasileiros,
o que importa é o resultado a ser
apresentado pelo governo Lula. O
presidente terá um prazo para começar a entregar o que prometeu. Será
um período em que vai continuar em
lua-de-mel com a sociedade.
É impossível precisar a extensão
desse tempo de carência. Cerca de seis
meses, diz a direção do PT.
Durante essa fase inicial, Lula terá
de ultrapassar obstáculos importantes. Construir uma maioria na Câmara e no Senado é o mais difícil.
Descontadas as nuanças de cada
governo, há duas formas clássicas de
relacionamento do Palácio do Planalto com o Congresso. Render-se à
necessidade de atender às miudezas,
justas ou injustas, dos cerca de "300
picaretas", para usar a expressão de
Lula. Ou rejeitar essa prática como
regra geral e buscar usar a pressão da
sociedade para conquistar os votos de
senadores e deputados.
Lula emite sinais de que deseja a segunda opção. Recusou a presença do
PMDB em seu ministério, partido
que ficou com a pecha de o mais fisiológico no governo FHC.
No papel, a considerar o resultado
das urnas, o governo petista terá apenas 228 deputados a seu favor. Como
o PT apóia tacitamente a cooptação
de deputados pelas siglas lulistas, é
possível que o número de votos a favor na Câmara pule para 265.
Ainda assim é muito pouco para
governar de maneira confortável.
Também é insuficiente para aprovar
uma mudança na Constituição.
É possível que o presidente, após tomar posse hoje, consiga ampliar sua
base de apoio no Congresso, sem fisiologismo, como tem prometido. Será um fato inédito na história do
país. A festejar e a conferir.
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