São Paulo, quarta-feira, 01 de janeiro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Lula e o Congresso

BRASÍLIA - Luiz Inácio Lula da Silva toma posse hoje como presidente do Brasil. O momento é histórico. Um operário, um partido de esquerda e tudo o mais que foi dito e escrito à náusea nas últimas semanas.
Para os 175,6 milhões de brasileiros, o que importa é o resultado a ser apresentado pelo governo Lula. O presidente terá um prazo para começar a entregar o que prometeu. Será um período em que vai continuar em lua-de-mel com a sociedade.
É impossível precisar a extensão desse tempo de carência. Cerca de seis meses, diz a direção do PT.
Durante essa fase inicial, Lula terá de ultrapassar obstáculos importantes. Construir uma maioria na Câmara e no Senado é o mais difícil.
Descontadas as nuanças de cada governo, há duas formas clássicas de relacionamento do Palácio do Planalto com o Congresso. Render-se à necessidade de atender às miudezas, justas ou injustas, dos cerca de "300 picaretas", para usar a expressão de Lula. Ou rejeitar essa prática como regra geral e buscar usar a pressão da sociedade para conquistar os votos de senadores e deputados.
Lula emite sinais de que deseja a segunda opção. Recusou a presença do PMDB em seu ministério, partido que ficou com a pecha de o mais fisiológico no governo FHC.
No papel, a considerar o resultado das urnas, o governo petista terá apenas 228 deputados a seu favor. Como o PT apóia tacitamente a cooptação de deputados pelas siglas lulistas, é possível que o número de votos a favor na Câmara pule para 265.
Ainda assim é muito pouco para governar de maneira confortável. Também é insuficiente para aprovar uma mudança na Constituição.
É possível que o presidente, após tomar posse hoje, consiga ampliar sua base de apoio no Congresso, sem fisiologismo, como tem prometido. Será um fato inédito na história do país. A festejar e a conferir.



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