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VALDO CRUZ
Riscos da soberba
BRASÍLIA - A subida de Dilma no
Datafolha, atingindo patamar imaginado pelo PT apenas para final de
março, reforça o discurso de uma
ala de sua campanha que defende a
imposição ao PMDB do nome do
candidato a vice.
Dentro dessa estratégia, o negócio é empurrar com a barriga a escolha do companheiro de chapa de
Dilma. Antes de maio, nem pensar,
quando, esperam os petistas, a ministra inverterá as posições com o
tucano José Serra e passará a liderar a corrida eleitoral.
Aí, Dilma estará forte o suficiente
para impor ou pelo menos ter direito a veto no processo de escolha de
seu candidato a vice. Pelo menos é o
que essa ala petista deseja.
Tal articulação não tem apoio irrestrito no governo e no PT. Há
quem defenda o nome do presidente do PMDB, Michel Temer, preferido da cúpula peemedebista.
Para esse grupo, Temer não é
fundamental para a eleição, mas será essencial no pós-campanha. Caso Dilma ganhe a eleição, ele azeitará a relação da petista com sua base
aliada no Congresso. Principalmente o PMDB.
O principal sinal de que tudo está
indefinido e que o PMDB tem motivos para estar aflito vem do silêncio
presidencial. Recentemente, um
empresário foi testemunha disso.
Em conversa com Lula, ele defendeu a escolha de Temer como nome
ideal a vice. Não ouviu uma palavra
em resposta à sua tese.
O fato é que o PMDB, a despeito
de não gostar nem um pouquinho
desse jogo de empurra-empurra
dos petistas, por enquanto não tem
muito o que fazer. A ameaça de bandear para a canoa dos tucanos vai
perdendo força na medida em que
Dilma cresce nas pesquisas de intenção de votos.
Só faria sentido, à essa altura do
campeonato, se tudo mudasse no
ninho tucano: Serra desistindo da
candidatura e Aécio Neves se tornando o nome do PSDB na disputa
presidencial. Esse, por sinal, é o
único cenário que hoje assusta os
petistas. No mais, acham que a eleição está no papo.
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