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ASSIMETRIA GLOBAL
O Relatório Anual sobre Comércio Internacional e Desenvolvimento da Unctad demonstrou
que o ciclo recente de globalização
produtiva não reduziu as assimetrias
entre os países desenvolvidos e os em
desenvolvimento.
A participação dos países desenvolvidos na exportação de bens manufaturados caiu de 82,3% para 70,9%,
mas a participação na renda gerada
por essas exportações subiu de
64,5% em 1980 para 73,3% em 1997.
Por sua vez, a participação dos países
em desenvolvimento no comércio
mundial de bens industrializados
cresceu de 10,6% para 26,5%, e a participação na renda gerada aumentou
de 16,6% para 23,8% no mesmo período. A evolução do Brasil foi pior.
O país manteve sua participação no
comércio mundial de bens industrializados em 0,7% e perdeu participação na renda gerada, que caiu de
2,9% em 1980 para 2,7% em 1997.
Portanto, os países desenvolvidos
permaneceram concentrando os setores intensivos em tecnologia. Além
disso, o êxito de muitos países em
desenvolvimento no comércio mundial não decorreu de uma inserção
positiva nas cadeias globais de produção, mas da utilização de mão-de-obra barata, de processos intensivos
em trabalho e de muitos insumos
importados.
Essa assimetria e a necessidade de
o Brasil agregar valor às exportações
reafirmam que é preciso adotar políticas ativas de comércio exterior. Isso
porque o país não deve contar apenas com novas negociações comerciais para derrubar barreiras e aumentar as exportações.
Percalços nas negociações multilaterais ficaram evidentes nas discussões para o Acordo de Regra de Origem da OMC, cuja conclusão está
prevista para junho. Após sete anos
de negociações, os Estados Unidos
estão bloqueando a finalização desse
acordo, o qual dificultaria a introdução de modificações superficiais em
produtos importados e sua reexportação como nacionais. Se o acordo
não for concluído, podem aumentar
as dificuldades para a expansão das
exportações brasileiras.
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