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DECISÃO IRRESPONSÁVEL
Qualquer pessoa acostumada
a acompanhar a vida pública
brasileira não estranha mais a criatividade da classe política no que diz
respeito à invenção de expedientes
para assegurar velhos privilégios e
benesses. O engenho de nossos políticos parece especialmente fecundo
quando se trata de evitar a extinção
de cargos públicos -ou de aumentar a sua quantidade.
A manobra levada a cabo nesta semana no Senado foi exemplar nesse
sentido. Visando contornar a redução de vereadores determinada pelo
Tribunal Superior Eleitoral, foi ressuscitada uma Proposta de Emenda
Constitucional aprovada em primeiro turno em 1992 e, desde então, relegada ao esquecimento.
Uma vez que o Supremo Tribunal
Federal entendeu que o número de
cargos disponíveis para a vereança
deve ser proporcional ao dos habitantes de seus respectivos municípios, o TSE estabeleceu uma tabela
detalhada sobre o assunto, cuja aplicação, a ser realizada já nas próximas
eleições, resultaria no corte de 8.528
cadeiras. A decisão do TSE é louvável
ao buscar um critério razoável para a
quantidade de representantes nas assembléias municipais e conter gastos. Diante disso, para evitar a perda
de cargos no Legislativo, os membros do Congresso apressaram-se
em aprovar emendas com o propósito de diminuir essas perdas.
A questão da quantidade de vereadores é parte de um problema maior,
que foi a nefasta e irracional proliferação de municípios ocorrida no país
nos últimos anos.
Lamentável é constatar, mais uma
vez, que representantes eleitos da sociedade, tendo à frente o PFL, unam-se contra uma decisão que, segundo
se estima, economizaria cerca de R$
2,2 bilhões em quatro anos, além de
tornar mais racional a proporção entre cidadãos e vereadores.
Infelizmente, alguns de nossos legisladores se esquecem de que sua
função não é exatamente a de representar seus próprios interesses, mas
os daqueles que - pelo voto- os
colocaram no poder.
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