São Paulo, sábado, 01 de maio de 2010

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Editoriais

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Segurança no Rio

A POLÍCIA Militar do Rio de Janeiro ocupou nesta semana o morro do Borel e seis favelas vizinhas com o objetivo de instalar uma nova Unidade de Polícia Pacificadora na região -antigo reduto do tráfico de drogas. A operação, executada de forma pacífica, representa mais um passo na retomada, pelo Estado, de territórios antes governados por grupos criminosos.
A nova estratégia -deflagrada no final de 2008, com a implantação de um destacamento policial no morro Dona Marta- conseguiu escapar à dualidade que caracterizava a relação do poder público com o narcotráfico. Oscilava-se dos enfrentamentos ruidosos -com operações policiais que não raro levavam à morte de inocentes- à conivência silenciosa com o domínio do crime sobre vastas áreas pobres.
A reconquista das comunidades subjugadas por criminosos reduziu de imediato os índices de criminalidade nessas áreas. Ao mesmo tempo, não há indícios de que a violência esteja simplesmente se deslocando para outras partes da cidade. Em fevereiro, os homicídios dolosos no Rio caíram 14,9% em relação ao mesmo período de 2009 -alcançando-se o menor número de vítimas nesses meses desde 1991.
A nova política tem, claro, efeitos colaterais. A qualidade de vida nessas favelas melhorou, mas isso permitiu a elevação dos aluguéis e dos preços dos imóveis. Além disso, a despesa do Estado com o programa não é pequena: para instalar 43 UPPs em 156 favelas, a Secretaria de Segurança terá de ampliar o contingente policial em 12 mil homens, o que deve onerar a folha salarial em ao menos R$ 144 milhões por ano.
São os custos necessários do retorno à legalidade. E não são os únicos encargos que o Estado deverá assumir, depois de proporcionar segurança aos cidadãos. Também é preciso levar às comunidades os serviços públicos de que estavam privadas.


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