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SOS AUTOMOTIVO
O setor automobilístico foi uma
das bases do salto desenvolvimentista no final dos anos 50. Era o período
em que se martelava o slogan "50
anos em 5". Agora, quase 50 anos depois, o setor enfrenta uma crise
mundial e, no Brasil, pressiona os
governos federal e estaduais a fim de
ampliar o leque de benefícios oficiais. A inovação mais recente é usar
o dinheiro do FAT (Fundo de Amparo
ao Trabalhador) para financiar a
compra de automóveis novos. O governo já fala em R$ 600 milhões.
Assim como já ocorreu com outras
tantas políticas setoriais, todas sempre bem-intencionadas, o que ocorre
agora com o regime automotivo brasileiro é uma superposição de benefícios, exceções e créditos de consistência duvidosa, para dizer o menos.
Há medidas de longo prazo, supostamente vinculadas a metas de exportação e investimento. Mas também acordos de curto prazo, com redução de impostos com o objetivo de
vender mais carros, além de evitar
mais demissões.
Governos estaduais assumem compromissos com montadoras. No caso do Rio Grande do Sul, o governo
entendeu não ter como sustentá-los.
Se não houver uma consolidação de
diretrizes, no âmbito de uma política
industrial mais ampla, o setor automobilístico poderá simplesmente
alongar a série nada brilhante de políticas casuístas conduzidas de modo
errático, do álcool à informática,
passando pelos esquemas grandiosos de desenvolvimento agrícola ou
descentralização da indústria.
Na prática, pode valer mais a ação
dos lobbies setoriais, aliada ao oportunismo de governantes que desejam
criar empregos. Mas faltam estudos
circunstanciados, objetivos, que
mostrem os custos e os benefícios
das propostas industrializantes.
No setor automobilístico, é preciso
ter claro que se trata de uma indústria cuja tecnologia já não é das mais
intensivas em mão-de-obra e que
passa por uma crise global.
Parece ousadia imprópria, se não
proposta irresponsável, esperar do
fragilizado governo brasileiro um
SOS automotivo.
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